A diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Bittencourt, disse que a situação de Santa Catarina evidencia "a fragilidade da fiscalização do comércio de alimentos em geral". Ela está em Brasília para uma reunião com a Diretoria de Alimentos da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), onde vai relatar os casos de contaminação do mal de Chagas em SC e buscar apoio para a questão da normatização do comércio do caldo de cana no Estado, que deve ocorrer até o fim deste mês.

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"Nós constatamos que um dos pontos de extrema fragilidade dos caldos de cana é o armazenamento da cana já pronta para moagem", afirmou, explicando que ela fica descascada e, em muitos lugares, "direto no chão, sem nenhuma proteção contra insetos ou pequenos animais que possam se aproximar". Em função disso, a Vigilância Sanitária do Estado está trabalhando para ter uma norma estadual mais rigorosa em relação a caldo de cana para evitar que a contaminação volte a acontecer. "Essa norma específica para a venda do caldo de cana deverá estar pronta até o dia 31 de março, porque estamos trabalhando com a expectativa de ter a situação totalmente elucidada ainda esta semana", garantiu.

Segundo ela, o aconteceu em seu estado poderia ter acontecido em qualquer outro lugar do Brasil, uma vez que o comércio de alimentos está delegado aos municípios desde 1998. "Não podemos admitir que o alvará sanitário, que é um documento que diz ao consumidor que aquele estabelecimento foi inspecionado e está seguro, seja emitido sem uma fiscalização rigorosa que vise a segurança de quem vai consumir o produto", argumentou.

A diretora reforça que é preciso que as autoridades olhem com muita atenção para o comércio de alimentos, hoje sob jurisdição da Vigilância Sanitária, seja de pequeno ou grande porte. Na sua opinião, "esta é uma área de risco que precisa ser cuidada por todos aqueles que são responsáveis: gestor municipal, estadual e o federal. Mas a responsabilidade maior está sob o gestor municipal".

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De acordo com Raquel Bittencourt, as condições de higiene e conservação dos alimentos foram consideradas boas no principal local de contaminação do mal de Chagas Estado. Entretanto, o grande problema pode estar de fato relacionado ao local de armazenamento da cana-de-açúcar no quiosque Barracão da Penha 2, localizado entre os municípios de Navegantes e Penha, às margens da rodovia BR-101 na altura do quilômetros 111, onde não existe qualquer proteção.

Raquel Bittencourt assegurou que após a conclusão do inquérito epidemiológico e identificada a maneira como se contaminou o caldo, a desinterdição dos estabelecimentos no Estado só se dará "para quem estiver com a sua higiene correta, principalmente, na questão da estocagem da cana pronta para moagem".

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