Saúde seleciona voluntários cardíacos para estudo com células-tronco

O Ministério da Saúde começa a selecionar no fim deste mês 1.200 voluntários para estudo com células-tronco. O projeto vai atender pessoas que sofreram enfarte agudo do miocárdio e os que são portadoras de isquemia crônica, miocardiopatia dilatada e Mal de Chagas. O estudo será coordenado pelo Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (INCL) e abrangerá 33 centros do País em 10 estados e o Distrito Federal.

Com a eficácia de terapia confirmada, o tratamento de cardiopatias com células-tronco deverá ser adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nem todos os voluntários receberão as células-tronco. Os 1.200 pacientes serão divididos em quatro grupos de 300 pessoas – um para cada doença. Todos passarão pelo tratamento convencional, mas apenas a metade receberá o transplante de células-tronco. O restante ficará no chamado grupo de controle.

Os médicos que acompanharão a evolução dos pacientes não saberão quais foram submetidos à terapia celular. "É muito comum em medicina o chamado efeito-placebo. Ao se deparar com uma nova terapia, o estado psicológico do paciente melhora e o quadro de saúde também. Com o estudo duplo-cego, em que médico e paciente não sabem quem recebeu a célula-tronco, queremos afastar o aspecto psicológico", disse o coordenador da pesquisa, Antônio Carlos Campos de Carvalho, chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa do INCL.

Os interessados em participar da pesquisa podem se inscrever no site do INCL (www.incl.rj.saude.gov.br) e clicar em Terapia com Células Tronco – Veja as Instruções para Cadastramento ou pelo telefone 21-2205-5422.

Wagner Souza Lima, de 37 anos, foi um dos primeiros a se inscrever. Dez anos atrás ele descobriu que sofria de miocardiopatia dilatada. A doença faz o coração crescer a ponto de não conseguir bombear sangue para todo o corpo. "É uma doença progressiva, limitante, que me obriga a tomar cinco ou seis remédios diferentes por dia. Às vezes não tenho dinheiro para comprar todos os medicamentos", diz Lima, que tem crises em que fica com dificuldades para respirar. "Eu praticava remo, corria de oito a 10 quilômetros por dia e aos 27 anos não podia fazer mais nada".

Lima foi demitido do bingo em que trabalhava, depois que descobriu a doença, e hoje trabalha como passeador de cães. "Meu mundo acabou quando descobri a doença, quatro médicos disseram que só o transplante me salvaria e meu coração teria cinco anos de vida útil. Estou muito esperançoso com essa pesquisa", disse.

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