Saúde cria serviço para vítimas de violência doméstica em Curitiba

Garantir acompanhamento médico e psicológico às crianças e adolescentes vítimas de violência é o objetivo do Centro de Referência para a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, implantado há sete meses pela Secretaria Municipal da Saúde. O serviço, que já atendeu 327 pacientes e funciona agora no 3º andar da nova Unidade de Saúde Mãe Curitibana, será apresentado no Seminário Nacional de experiências na Atenção à Violência Doméstica e Sexual, que começa nesta quarta-feira (24), em Curitiba.

O Centro de Referência é a materialização, ainda em fase de consolidação, de uma das estratégias previstas no programa de governo do prefeito Beto Richa para fortalecer a ação pública municipal no setor. Ele foi idealizado para ampliar os serviços então oferecidos pelos programas Sentinela (para crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual) e Atenção às Pessoas Vítimas de Violência (para adultos), coordenados pela Fundação de Ação Social (F A S).

Com a ajuda de uma equipe formada por uma pediatra, uma psicóloga e uma psiquiatra, crianças e jovens de até 18 anos encaminhados pelas unidades municipais de saúde passam a ser acompanhados no Centro e orientados logo após o episódio traumático que deu causa ao atendimento inicial.

"A meta é que o trabalho das nossas técnicas ajude a superar o trauma e, ao mesmo tempo, a prevenir a ocorrência de novas situações de violência doméstica", explica o vice-prefeito e secretário municipal da Saúde, Luciano Ducci, que pretende ampliar o serviço. "Estamos começando com uma estrutura pequena que deverá ser adequada assim que tivermos uma noção mais apropriada da demanda e das necessidades que ela impõe", diz.

Para Ducci, o vínculo das crianças e suas famílias com os serviços públicos é um instrumento poderoso para a eliminação dos fatores de risco que ameaçam o desenvolvimento físico e emocional de muitas crianças. "Serviços como as nossas unidades de saúde são espaços onde as mães e os pais podem aprender a cuidar da saúde física e mental de suas famílias, o que está diretamente ligado à auto-estima e à cidadania", argumenta.

Bebês na mira

Segundo a organizadora do Centro de Referência, a pediatra da Secretaria Municipal da Saúde Hedi Muraro, os bebês de até 1 ano de idade em situação de risco notificado por hospitais e maternidades constituem uma parcela importante do público-alvo do centro.

Em dois meses (de dezembro de 2005 a fevereiro), o serviço recebeu 32 notificações de crianças nessa faixa etária que foram encaminhadas aos distritos sanitários e unidades de saúde. Destes, 22 (88% do total) foram localizados e acompanhados.

No ano passado, os bebês constituíam quase 10% das 2.791 crianças e adolescentes vítimas de violência que tiveram seus casos conhecidos pelas autoridades públicas e registrados pela Rede de Proteção.

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