O Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde faz o monitoramento freqüente da qualidade da água de 43 fontes em Curitiba, originárias de lençóis freáticos e artesianos. Dessas, 38 apresentam algum tipo de contaminação. A água dessas fontes, portanto, é considerada imprópria para consumo humano. Apesar dos avisos colocados nos locais, muita gente continua buscando água nessas nascentes para usar em casa.
A contaminação da água ocorre mais facilmente nas fontes de lençol freático, porque a nascente se encontra numa camada mais superficial da terra, o que facilita o contato com o lixo e outros dejetos, principalmente quando chove, ao contrário do lençol artesiano, localizado numa profundidade bem maior, portanto com menor risco de comprometimento, explica a coordenadora de Desenvolvimento em Saúde Ambiental, Lúcia Araújo.
Todas as fontes e bicas onde há risco de contaminação são sinalizadas com placas de aviso colocadas pelas secretarias municipais da Saúde e do Meio Ambiente. Nem sempre, porém, o aviso é respeitado. Muitas vezes, as placas são alvo de vandalismo. Na bica da Rua Uruguai, no Bacacheri, a placa foi retirada duas vezes e o aviso atual está todo pichado, impedindo a leitura da mensagem. A palavra "IMPRÓPRIA" está com o "I" e o "M" riscados.
"As pessoas têm a falsa idéia de que, por aparentar ser límpida, a qualidade da água está garantida e pode ser usada sem problemas", diz Lúcia. "Acontece que ao ser analisada em laboratório, essa água registra a presença de coliformes fecais, o que indica, no mínimo, que houve o contato com fezes humanas ou de animais; o perigo, é que essas fezes podem estar contaminadas com o vibrião da cólera ou do vírus da hepatite C", acrescenta.
Outro risco, segundo a coordenadora – além dos dejetos que entram em contato com o lençol freático -, está na contaminação externa das fontes por cães, cavalos e outros animais que tomam a água direto das bicas e torneiras, e também por mãos que não estejam limpas", completa. As fontes com problemas, informa Lúcia, não podem ser lacradas, de acordo com a legislação vigente, que proíbe qualquer interrupção do fluxo de uma nascente.
A principal recomendação da Secretaria da Saúde é que a população consuma sempre água tratada. Mas, se a preferência for pelas fontes, o recomendado é que a água seja fervida por mais de cinco minutos, contados a partir da ebulição. Outra opção é colocar duas gotas de água sanitária (a 2,5%) para cada um litro de água e deixar por 30 minutos. Depois, a água pode ser usada normalmente.