A Secretaria de Estado da Saúde alerta a população para o perigo da transmissão da raiva por meio do contato com morcegos que vivem nas cidades. Até agosto deste ano, em todo o Brasil, foram notificados 27 casos de raiva humana. Deste total, 22 foram transmitidos por morcegos.
O desconhecimento da população sobre o comportamento da espécie pode tanto colocar pessoas em situação de risco quanto pode ocasionar maus tratos para o animal.
“O importante é não mexer no morcego com as mãos, de maneira alguma”, alerta o veterinário da secretaria, Paulo Guerra. Caso não seja possível capturar o animal, o correto é enterrá-lo em um buraco, longe do alcance de animais e crianças. No caso do morcego ser capturado, ele deverá ser levado até a secretaria de Saúde ou de Agricultura do município.
Já quando o morcego está no teto da casa, em hipótese alguma deve-se colocar o animal de estimação para que o pegue. “Ele também pode ser contaminado caso o morcego esteja doente”, avisa Guerra.
Segundo Guerra, não se deve ainda entrar em telhados pouco arejados, já que podem estar contaminados com fungos existentes nas fezes dos morcegos, que são nocivos à saúde humana. Os morcegos procuram abrigo nas casas em razão do desmatamento, da construção de abrigos e das falhas nas construções.
A Secretaria da Saúde pede também que não se cause danos físicos aos morcegos porque eles fazem parte do meio ambiente e têm uma grande importância para o ecossistema. Guerra disse ainda que os morcegos ajudam a polinizar árvores e plantas e, ao ingerir frutos, auxiliam na dispersão das espécies vegetais. Além disso, ingerem inúmeros insetos que poderiam destruir lavouras ou transmitir doenças. Algumas espécies presentes no Paraná podem comer por hora cerca de 500 insetos.
A raiva transmitida pelos morcegos é a mesma que a canina. A transmissão ocorre por meio do vírus existente na saliva dos animais infectados, que entra no organismo através da pele ou mucosa, depois de uma mordida, lambida ou arranhão. Embora no Brasil, historicamente, o principal animal transmissor da raiva seja o cão, outros animais, como gatos, macacos, quatis, raposas e gambás, podem transmitir a doença.
O último caso de raiva humana no Paraná foi registrado em 1987. A transmissão ocorreu justamente por meio do contato com um morcego contaminado.