?Talvez abuso um pouco das reminiscências osculares; mas a saudade é isto mesmo; é o passar e o repassar das memórias antigas.?
(Machado de Assis)
Volto no tempo, relembrando os bancos universitários, na antiga Faculdade de Direito da universidade que só veio a ser federalizada em 1950, ano de minha formatura.
Lecionava Direito Civil o velho e saudoso professor Vieira de Alencar, aposentado em seguida e sucedido por um jovem, recém-ingresso no corpo docente.
Afável, gentil, o novel mestre já revelava toda a sua erudição, conquistando a simpatia dos discípulos, que acompanhavam, com grande atenção e interesse, a sua exposição, dissecando o Código Civil com grande maestria.
Tal era Altino Portugal Soares Pereira, eleito o nosso paraninfo, tal como em 1958, na seletiva turma em que figurava outro renomado jurista, René Ariel Dotti, como ele próprio revelou em sua conceituada coluna, neste mesmo espaço jornalístico.
Relembro, com grande emoção, os encontros que tivemos, anos depois, nas confraternizações que nossa colega Leonilda Bodizinski coordenava, ao ensejo de mais um ano de atividade profissional e, em outras oportunidades, quando nos abraçávamos fraternalmente.
Seu recente passamento a todos entristeceu.
Como lembrou o atual presidente da OAB-PR, filho de outro extraordinário mestre e jurista, o pranteado Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, o professor Altino ?Foi responsável pela formação de centenas de profissionais do Direito, marcou o seu tempo e deixará muita saudade?, certo que foi membro do conselho daquela corporação e do Tribunal de Ética, além de diretor do Instituto dos Advogados do Paraná.
A sua principal obra jurídica, Promessa de compra e venda de imóveis no Direito Brasileiro, uma das primeiras no gênero, marcou a época.
No sétimo dia de seu óbito, reverenciamos a sua memória em ofício religioso celebrado na Igreja de Santa Terezinha, com emocionante homilia do piedoso celebrante, que louvou e exaltou o legado do mestre querido.
Estamos todos, os seus discípulos principalmente, deveras entristecidos, rendendo-lhe o preito de nossa estima e admiração, além do profundo respeito que sempre lhe dedicamos.
Com a devida permissão de René Dotti, jurista que muito nos orgulha, proclamo, do âmago do coração: ?Ah! Professor… Que saudade?.
Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná e vice-presidente do Movimento Pró-Paraná.