Muricy Ramalho tem a grande chance de devolver ao São Paulo o título do Campeonato Paulista que "tirou" da equipe em 2004, quando comandava o São Caetano. Naquele ano, depois de terminar a primeira fase apenas na quarta colocação do Grupo 2, atrás de Santos, Paulista e Palmeiras, o técnico e o time do ABC tinham o invicto São Paulo pela frente.
O time do Morumbi, então treinado por Cuca, era a grande sensação do torneio, com 25 pontos, com oito vitórias e só um empate. Não à toa era o favorito ao título. "Só o São Caetano que não era favorito e acabou campeão. Por isso, confrontos de mata-mata são perigosos", disse Muricy, agora do lado são-paulino.
Toda a pompa da equipe de Cuca foi por água abaixo com dois gols de cabeça do atacante Fabrício Carvalho, depois de escanteios cobrados pelo lateral-direito Ânderson Lima, no Morumbi. O resultado do jogo único pelas quartas-de-final mandou o são Caetano para as semifinais, onde eliminou o Santos, e depois bateu o Paulista para ficar com a taça.
Agora, chegou a hora de Muricy dar o troco. Só que, ao contrário daquela vez, ele está do lado apontado como favorito a fazer a final do Estadual contra o Santos, que vai enfrentar o Bragantino.
"Não tem essa história de favoritismo. Serão dois jogos equilibrados. O São Caetano é um time muito chato de se vencer. É uma equipe muito bem dirigida, que fez boa campanha e vai ser a pedreira de sempre.
E ninguém melhor do que o São Paulo para saber quanto o São Caetano incomoda. No retrospecto geral, o time do Morumbi leva ligeira vantagem: em 18 jogos, foram sete vitórias e seis derrotas. Mas, quando o assunto é Campeonato Paulista, o time do ABC leva a melhor. Em cinco jogos, foram duas vitórias são-paulinas contra três do São Caetano.
"No futebol, acabou este negócio de barbada. Futebol é muito estudado e todo mundo trabalha sério. Os quatro classificados têm chances de ganhar o campeonato", jura o treinador. "A gente sempre espera os grandes na final, mas o Campeonato Paulista é muito equilibrado. No mata-mata tudo pode acontecer", ratifica.
A vantagem do adversário não fica apenas nos números. Vale lembrar que a única derrota do São Paulo na primeira fase do Paulista foi justamente para o Azulão, 1 a 0, no Anacleto Campanella, gol do meia Canindé.
É bem verdade que o time de Muricy Ramalho não estava completo, mas ninguém se esquece disso pelos lados do CT são-paulino. "Independentemente dos jogadores, era o São Paulo que estava em campo. Agora, estaremos 100% fisicamente e com o elenco completo. Temos totais condições de vencer", avisa o atacante Leandro. "A gente não quer perder duas vezes para eles.
Depois de longas semanas com jogadores suspensos e machucados, enfim Muricy terá quase todos os seus jogadores em condições de atuar neste fim de semana – até André Dias, fora da equipe desde o fim de março, está à disposição do treinador. A única exceção é o atacante Marcel, que ainda se recupera de problemas musculares. Isso sem contar que os titulares só treinam há quase dez dias.
Situação oposta da 15ª rodada, quando o time chegava de uma viagem ao México, onde tinha perdido uma invencibilidade de seis meses, e não poderia escalar oito atletas, entre convocados para seleções, suspensos e contundidos.
O lateral-esquerdo Jadílson foi um dos poucos titulares que atuou contra o Necaxa e, quatro dias depois, diante do time do ABC. Com conhecimento de causa, afirma que a situação agora é muito diferente. "Estamos agora com a equipe descansada, completa. Domingo começa uma nova história." De certa forma, Jadílson minimizou a derrota em São Caetano durante a fase de classificação. "Nenhum time é imbatível (até aquele momento, o São Paulo era o único invicto do Estadual), mas o importante é que a derrota não atrapalhou nossos planos. Perdemos, continuamos em segundo lugar e nos classificamos.