São Paulo libera entrada de animais de Mato Grosso e do Paraná

Depois de o governo federal anunciar a redução da área interditada no Paraná em razão das suspeitas de febre aftosa, o governo de São Paulo abre amanhã as fronteiras e autoriza a entrada de animais vivos e de carne com osso de Mato Grosso do Sul e Paraná. A medida adotada pela Secretaria de Agricultura paulista autoriza a entrada de animais para abate. A decisão foi tomada mesmo diante de dúvidas do próprio governo federal sobre a real situação do gado paranaense e antes de concluída a campanha de vacinação da febre aftosa, que encerra-se dia 30.

O secretário de Agricultura de São Paulo, Duarte Nogueira, defendeu a flexibilização. Ele disse que o Estado tomou "todas as precauções" para garantir a manutenção do status sanitário e a medida responde a uma demanda do setor privado. Além disso, Nogueira afirmou que continuará o veto às 36 cidades paranaenses ainda sob suspeição e às cinco de Mato Grosso do Sul.

O Estado de Mato Grosso do Sul tem enfrentado problemas para debelar os 22 focos de febre aftosa que atingiram a região sul do Estado. Apenas Eldorado, onde surgiu o primeiro foco, já teve os animais sacrificados. Segundo João Cavalléro, diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal (Iagro), 12 mil animais já foram sacrificados, mas protestos de produtores – que se queixam do bloqueio do Paraná e do valor baixo das indenizações pelo sacrifício dos animais – têm provocado sucessivos atrasos.

A demora em eliminar todo o gado atrasa neste momento uma decisão interna que a Iagro pretende tomar. Cavalléro afirmou que o Estado quer liberar o quanto antes o trânsito interno de animais, proibido desde do surgimento do foco em Eldorado. "Aguardamos apenas a conclusão dos sacrifícios nas áreas de assentamento em Japorã para liberar o trânsito interno" diz.

Cavalléro, que comanda as ações no Estado, criticou hoje o governo federal. Classificou a decisão de reduzir a área de isolamento no Paraná de equivocada, já que o próprio governo federal tem dúvidas em relação ao resultado apontado pelo Laboratório Nacional de Apoio Agropecuário (Lanagro) de Belém do Pará. Todos os exames em materiais colhidos nos focos suspeitos foram analisados e o resultado foi negativo para o vírus.

"Acho que o ministério está confuso. Age como se estivesse confuso. Ninguém está se posicionando corretamente", criticou. Segundo ele, se há dúvidas sobre a existência ou não do foco, não faz sentido reduzir a área interditada. A medida é contraditória, acentuou.

Guilherme Marques, coordenador-geral de combate às doenças, disse hoje que a redução de área interditada no Paraná não trará riscos para outras regiões. Ele defendeu entretanto a posição do governo federal de manter uma investigação sobre o gado paranaense. "Se não é aftosa, precisamos saber o que é", disse. Ele afirmou que novas análises começaram a ser feitas e que o governo corre para conhecer o que ocorreu com o gado do Paraná.

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