O são-paulino, enfim, não vai precisar mais ouvir os adversários dizerem que seu
time "amarela, pipoca, treme" ou qualquer palavra para definir que os jogadores
costumam sentir a pressão na hora da decisão. O São Paulo, mesmo sem brilhar,
atuou com seriedade, neste domingo, esbanjou determinação e garantiu o 20.º
título estadual de sua história – ou 21º. para os que computam o de 1931,
alcançado pelo São Paulo da Floresta – ao empatar com o Santos por 0 a 0, em
Mogi Mirim.
É claro que o torcedor preferia ter visto gols, ter gritado
‘olé’ com mais entusiasmo, mas a equipe optou pela cautela para assegurar o
primeiro lugar já nesta rodada, faltando duas para o fim da competição. E
alcançou o objetivo com méritos. O São Paulo sobrou no Paulista, foi muito
melhor que o Corinthians e seus astros e que o Santos, de Robinho, e só não
levou a taça na quinta-feira por causa de um tropeço diante da Portuguesa, no
Pacaembu – algo que acontece no futebol e não tem nada a ver com ‘amarelar’ ou
‘pipocar’, como muitos disseram.
Os números dão a idéia exata da
superioridade tricolor. A equipe do Morumbi chegou a 42 pontos, contra 33 de
Corinthians e Santos, os vice-líderes. "Nosso time não se abateu com a derrota
para a Portuguesa", festejou Rogério Ceni, um dos destaques da conquista.
A confirmação do título contra o Santos teve sabor especial, afirmam os
são-paulinos. O Santos se tornou uma espécie de algoz do time nos últimos anos.
Em 2002, eliminou o São Paulo nas quartas-de-final do Brasileiro e, em 2004,
desclassificou o adversário na mesma etapa da Copa Sul-Americana.
Os
santistas tiveram de ‘engolir’ a festa são-paulina. Pelo menos não em sua casa,
a Vila Belmiro. A diretoria preferiu transferir o clássico da Vila para Mogi
Mirim, de forma infantil. Estragou bastante a partida que definiu o campeão. O
Estádio Wilson Fernandes de Barros, com capacidade para 17 mil pessoas, recebeu
apenas 12.382 torcedores – muitos ingressos ficaram presos nas mãos de
cambistas.
O técnico Gallo facilitou a vida do São Paulo. Escalou vários
reservas. Sua única estrela em campo foi Robinho, que pouco fez. O clube dá
prioridade ao confronto com a LDU, quarta-feira, na Vila, pela Libertadores.
Mas, do modo como a diretoria e a comissão técnica estão batendo cabeça
ultimamente, não será nenhuma surpresa um novo resultado negativo dos santistas,
que complicaria bem o time no torneio. O São Paulo, que agora volta a atenção
para a Libertadores, enfrenta a Ponte Preta, sábado, pelo Paulista. Pela
competição continental, recebe, na próxima semana, o Quilmes. Ontem, foi
definido o primeiro rebaixado do Estadual: a Inter de Limeira, que perdeu por 3
a 1 para o Rio Branco.
O clássico foi de baixo nível técnico. O São
Paulo, que utilizou uma tarja preta na manga da camisa em respeito pela morte do
papa João Paulo II, atacou bem mais, principalmente depois da expulsão do rival
Halisson, no início do jogo, mas pecou pela falta de criatividade. A maioria das
oportunidades ocorreu em chutes de fora da área. O goleiro Henao, que ganhou a
posição de Mauro no Santos, foi o melhor em campo, mostrando segurança. Rogério
Ceni, por outro lado, só suou a camisa no momento das comemorações
