O são-paulino andava entusiasmado, ficou animado ao ver sua equipe marcar 9 gols nos últimos dois jogos e sonhava com o título. Com razão. A equipe vinha jogando bem, e evoluindo a cada semana, mantendo-se perto dos dois primeiros colocados, Atlético-PR e Santos. Hoje, porém, ao debater os jogos de fim de semana com os amigos, no bar ou no trabalho, terá de mudar o discurso. Certamente ouvirá deboches.
"Lá se vai mais um ano sem título de expressão", deverá dizer algum corintiano ou palmeirense. E não terá muito o que contestar. O empate por 0 a 0 diante do frágil Vasco, neste domingo, no Rio, deixou o São Paulo ? em 4.º lugar ? bem longe do título brasileiro. O Atlético bateu o Criciúma e abriu 6 pontos de vantagem.
É verdade que, faltando 5 rodadas para o fim da competição, a possibilidade, embora remota, ainda existe. Mas o são-paulino tem motivos para se preocupar. A apatia no confronto de ontem foi decepcionante e surpreendente para quem vinha falando tanto no título. "Aceitamos a marcação do Vasco", reconheceu Júnior. "Faltou a movimentação que a gente vinha tendo nas últimas partidas", acrescentou Cicinho. A preocupação maior, agora, é assegurar um lugar entre os 4 melhores para conquistar a vaga na Libertadores de 2005.
Não há muita desculpa para o tropeço. O Estádio de São Januário, que costumava dar medo nos adversários, perdeu o encanto. O Vasco, com elenco limitadíssimo, perdeu oito vezes em seu campo. Havia, ontem, pouco mais de 5 mil pagantes.
A ausência de Danilo, sim, deve ser considerada. Mas não justifica o resultado. O meia, em boa fase, fez bastante falta. Principalmente porque seu substituto, Souza, teve desempenho apagadíssimo. Em alguns lances, como num chute de dentro da área a 10 minutos do fim, passou por situação ridícula. Mandou a bola pela lateral. O técnico Emerson Leão perdeu a paciência e o trocou por Vélber. Demorou demais para perder a paciência.
Deveria tê-lo tirado ainda no primeiro tempo. É curioso o fato de Souza ter voltado a ganhar boas oportunidades na equipe. Após a eliminação da Libertadores, no primeiro semestre, a diretoria queria vê-lo bem longe do Morumbi. Seu nome era um dos primeiros da lista de dispensa.
Diego Tardelli, que jogou com a mão esquerda machucada, não repetiu o desempenho da goleada sobre o Botafogo por 5 a 2. O Vasco também mostrou porque tem como única ambição fugir do rebaixamento. E o placar final de 0 a 0, com poucas jogadas de emoção e péssima arbitragem de Lourival Dias Filho, que marcou um monte de faltas inexistentes, retratou a partida. Uma pena para quem perdeu duas horas da tarde de domingo à frente da televisão.