A cidade inteira já fala do clássico contra o Palmeiras, quarta-feira, pela
Libertadores. A expectativa maior é dos são-paulinos, obcecados pelo torneio
continental que não vencem desde 93. O técnico do Tricolor, Paulo Autuori, sabe
bem disso. E sabe também que vai ter muito trabalho para conscientizar seus
jogadores que, antes do rival Palmeiras, é preciso passar pelo Coritiba, neste
domingo, às 18h10, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro.

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"É um desafio
para a equipe mostrar sua cara. Quero ver todos encarando as duas competições
com vontade", diz Autuori, que não vai poupar ninguém do jogo desta tarde. "Não
vou priorizar competição. Quero as duas".

Apesar de todo clima já criado
em torno do clássico de quarta-feira, o treinador não teme o "salto alto" para
esta partida. Ao contrário. Autuori está otimista e acha que seus atletas não
vão desapontá-lo. "O nosso interruptor da Libertadores está desligado. Só
pensamos no Coritiba, que é um adversário de respeito. E sei que o grupo está
bem consciente disso".

O curioso é que o próprio Autuori teve de se
policiar ontem para não atropelar a empolgação e começar a falar do rival de
quarta-feira. "Sobre o Palmeiras só falo depois desse jogo."

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A meta do
treinador é que o time embale também no Brasileirão. Por enquanto, em três
rodadas o Tricolor conquistou só quatro pontos. É o nono colocado, com uma
vitória, um empate e uma derrota. Mas em suas duas semanas de clube, Autuori já
percebeu que a grande obsessão dos são-paulinos é a Copa Libertadores. Isso ele
poderia medir até pelas médias de público no Morumbi – enquanto no Brasileirão o
time raramente leva mais de 10 mil pessoas ao estádio, na Libertadores a média é
sempre superior a 25 mil. Em muitos casos, chega a passar dos 50
mil.

"Acho legal essa obsessão pela Libertadores. Cria uma preocupação
nos jogadores de entrar sempre ligado em campo", diz Autuori, que já foi campeão
continental em 97, pelo Cruzeiro. "Lá também havia uma grande obsessão por esse
título, que não era conquistado havia 21 anos. Mas conseguimos dosar a
empolgação e, além da Libertadores, conquistamos também o Campeonato Mineiro",
lembra.

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O problema é que os próprios jogadores tricolores admitem que, em
partidas válidas pelo torneio sul-americano, a motivação é maior. "Claro que
nosso grande objetivo é a Libertadores, mas estamos focados também no
Brasileiro", diz o lateral Cicinho.

Para motivar seus jogadores para a
partida deste sábado, o técnico decorou algumas frases que foram testadas.
Durante a entrevista coletiva, após o treino pela manhã, o técnico repetiu
quatro vezes: "Vitórias trazem tranqüilidade, derrotas trazem confusão". O
raciocínio é simples. "Se vencermos o Coritiba, vamos com mais moral ainda para
cima do Palmeiras", diz o técnico.

Autuori não vê problema em encarar o
time de Cuca, técnico do São Paulo na maior parte do ano passado. Foi Cuca quem
levou para o Tricolor boa parte dos jogadores do atual elenco, como Cicinho,
Fabão, Danilo e Grafite. "Por mais que o técnico conheça os atletas, ele não tem
como neutralizar o poder de criação deles, principalmente se estiverem
inspirados", diz Autuori.

Contra o Coritiba, ele não poderá contar com
Lugano, suspenso. Alex entra e forma a zaga com Fabão e Edcarlos. Nas demais
posições, nenhuma mudança: Cicinho e Júnior serão os laterais, Josué e Mineiro
formam a dupla de volantes, e Danilo joga como o único armador para servir os
atacantes Grafite e Luizão.

O time de Cuca também deve vir com três
zagueiros, diferente do esquema que vinha sendo utilizado pelo ex-técnico
Antônio Lopes. Cuca, porém, não descarta a possibilidade de partir para o abafa,
com a entrada de mais um atacante. Ele não quis divulgar a escalação com
antecedência.