Uma parceria entre o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) e a Petrobras poderá transformar São Mateus do Sul, na região sul do Estado, em um grande polo de fertilizantes.

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Trata-se do programa Xisto Agrícola, que realiza pesquisas para a produção de fertilizantes, adubos e defensivos agrícolas a partir de subprodutos do xisto, uma rocha sedimentar usada pela Petrobras na produção de óleo e gás.

Já são quatro subprodutos, dentre eles o calcário de xisto, xisto fino, retortado e, ainda, a água de xisto, que já recebeu licença para comercialização. A empresa já investiu mais de US$ 11,8 milhões nas pesquisas do xisto no Paraná.

De acordo com o diretor técnico científico adjunto do Iapar, Tiago Pellini, o resíduo do xisto conta com um grande potencial como fonte de nutrientes na produção agrícola.

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“Esse é o caso da água de xisto que, quando utilizada na agricultura, funciona como adubo folhar. A utilização desses materiais na agricultura objetiva a substituição de alguns fertilizantes. Além disso, cria novos substratos que substituem os comuns”, diz.

Além da água de xisto, o calcário de xisto, que está em experimento, poderá contribuir para correção de solos ácidos. “O calcário de xisto tem grande característica de corretor do solo, pois o xisto tem nutrientes como o enxofre, que corrige e traz nutrientes para as plantas. Já o finos de xisto e o xisto retortado representam uma mistura com calcário que pode ser substituída na adubação tradicional. Ou seja, ao invés do produtor usar adubos importados, pode baratear boa parte de sua produção. O Brasil é super dependente de potássio e fósforo, elementos que podem ser substituídos por esses subprodutos de xisto na agricultura”, afirma o gerente de comercialização da Petrobras, Gerson Cesar Souza.

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Lucro

Fábio Alexandre
Como a agricultura familiar é muito intensa na região sul do Paraná, através dos subprodutos de xisto, será possível baratear e render muito mais a produção desses agricultores. Isso trará mais lucros e, consequentemente, mais investimentos para a região toda”. Gerson Cesar Souza, gerente de comercialização da Petrobras.

A região de São Mateus do Sul é formada por 22 municípios, em uma área de 19.343 quilômetros quadrados e quase 400 mil habitantes, sendo que a metade deles vive nas zonas rurais. Para Souza, as pesquisas e a comercialização dos derivados do produto representam um ganho não só para o Estado, mas para o Brasil.

“Como a agricultura familiar é muito intensa na região sul do Paraná, através dos subprodutos de xisto, será possível baratear e render muito mais a produção desses agricultores. Isso trará mais lucros e, consequentemente, mais investimentos para a região toda”, afirma.

O projeto já tem cinco anos de duração. Como todas as pesquisas estão sendo concluídas, a partir de agora, a intenção é seguir para o desenvolvimento e validação dessas tecnologias estudadas.

Além das quatro divulgadas, outras pesquisas também estão sendo desenvolvidas no projeto, desta vez com plantas anuais e perenes. “O futuro será muito promissor. Começamos essas pesquisas in vitro, depois partimos para os testes de campo e experiências em áreas maiores. Agora, partiremos para o uso em propriedades, estudos para viabilização comercial e compatibilidade ao sistema do Estado”, adianta.

Investimentos<,br />
Em março deste ano o projeto Xisto Agrícola recebeu R$ 15 milhões de investimentos provenientes do Ministério das Minas e Energias. Para o deputado federal Eduardo Sciarra (DEM/PR), que participou do processo, a pesquisa realizada pela Embrapa e pelo Iapar trarão excelentes resultados à produção agropecuária brasileira.

“Esses recursos do ministério encerram o ciclo de pesquisas. Agora a questão passa a ser comercial entre a Petrobras e os interessados no xisto agrícola”, afirma.