O São Caetano deve recuperar os 24 pontos perdidos em sessão da 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) quando o recurso do clube for analisado em segunda instância, na próxima semana – a data ainda não está confirmada. A hipótese tem respaldo entre auditores e vários advogados que militam no STJD e seria, na avaliação deles, uma maneira inteligente de o presidente do tribunal, Luiz Zveiter, evitar um desgaste ainda maior da casa, que no final dos últimos anos tem conseguido chamar mais a atenção da mídia que muitos jogos de futebol.

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Zveiter esteve à frente do episódio de condenação do São Caetano, chegou a dizer que o clube poderia ser suspenso e que só voltaria à atividade para disputar a Terceira Divisão. Como a reação dos esportistas, em geral, foi contrária à pena aplicada ao São Caetano pela responsabilidade da morte do jogador Serginho – de perda de 24 pontos no Campeonato Brasileiro -, Zveiter poderia agora ‘sair por cima’ de toda a polêmica. Partiu dele a interpretação de que o Azulão deveria ser denunciado com base no Artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBDJ) – escalar atleta sem condição legal.

A iniciativa foi contestada por diversos especialistas em justiça esportiva. Um deles, Valed Perry, uma autoridade no assunto, considerou a medida equivocada. A Agência Estado ouviu sete advogados de clubes da Primeira Divisão sobre a aplicação da pena ao São Caetano. Seis deles seguiram a opinião de Perry. Alguns pediram que seus nomes não fossem identificados, temendo represálias de Zveiter em julgamentos futuros. "Condição legal é outra coisa, trata de registro do atleta, de documentação. Denunciar o clube no 214 foi um erro", comentou Ary da Frota Cruz, advogado do Cruzeiro. Luiz Zveiter vai dirigir o julgamento do São Caetano e do presidente e do médico do clube, Nairo Ferreira e Paulo Forte, respectivamente – todos condenados na madrugada desta terça-feira por causa da morte de Serginho.

O primeiro foi suspenso por 720 dias. O outro, por 1440 dias. O auditor teria de se declarar impedido de discutir o caso no plenário se o seu filho, Flávio Zveiter, comparecesse à sessão da 1ª Comissão Disciplinar, que começou na tarde de segunda-feira e terminou pouco antes das 3 horas de ontem. No STJD, ninguém soube explicar o motivo da ausência de Flávio, um dos mais antigos auditores do tribunal, embora só recentemente tenha se formado em Direito.

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Serginho morreu em 27 de outubro, durante partida de seu time com o São Paulo, no Morumbi. Ele sofria de problemas cardíacos e, segundo laudos do Instituto do Coração, não poderia jogar futebol.