Os dois dias de duras broncas distribuídas por Vanderlei Luxemburgo mexeram com o ânimo dos jogadores do Santos. Foram tantos gritos e cobranças, seguidos de palavrões, que sua equipe entrou elétrica em campo hoje à tarde, no Estádio Benedito Teixeira Duarte, em São José do Rio Preto. O Fluminense não tinha nada a ver com isso, mas acabou sendo a vítima da ira do treinador. Sem ação, levou impiedosa surra por 5 a 0. Com o resultado, o time paulista permaneceu na liderança do Campeonato Brasileiro, agora com 72 pontos.

Luxemburgo ficou bastante irritado após o empate por 1 a 1 do Santos com o Flamengo, no Maracanã, quarta-feira. Já não havia gostado nada da apresentação contra o São Paulo, no Morumbi, na qual sua equipe saiu derrotada por 1 a 0, gol de Grafite. No meio de semana não admitia empate com o rival carioca, em situação delicada na competição. Ainda mais com sua equipe apática, displicente.

O castigo ficou evidente nos treinos que antecederam o duelo com o Fluminense. Agiu como professor. Ensinou jogadas. Ensaiou outras. Pobre de quem errasse. Era xingado. Pediu atenção, concentração e para seus marcadores chegarem juntos contra os cariocas.

Dito e feito. Os torcedores de São José do Rio Preto, no interior paulista, viram um rolo compressor em campo. Deixaram o estádio felizes, pelo bom espetáculo apresentado, principalmente por Robinho.

Antes do show, porém, momento de reflexão. E repetindo a marcante imagem de quarta-feira, no Morumbi, quando os atletas, comissões técnicas e arbitragem de São Paulo e São Caetano reuniram-se no centro do campo, num círculo, para orar pelo zagueiro Serginho – até aquele momento a morte do zagueiro ainda não era confirmada. Paulistas e cariocas rezaram e fizeram um minuto de silêncio em memória ao jogador do ABC. A emoção era clara no rosto de muitos. A torcida também ficou por 60 segundos calada. Depois gritou o nome de Serginho, em coro.

Malabarista

 Bola rolando e Robinho brinda os torcedores com jogadas geniais e gols. O craque da camisa 7, que na próxima temporada deve ter os compatriotas Paulo Almeida e Luisão como companheiros no Benfica, para onde deve se transferir, desequilibrou. Distribuiu dribles, chapéus, pedaladas. A verdadeira ginga brasileira.

Pior para Leonardo Moura, Antônio Carlos, Marciel, Laerte e até o goleiro Fernando Henrique. Não era festa e nem estavam em discoteca, mas com sua chuteira dourada colocou todos para bailar. Logo de cara uma finalização para fora. Na seqüência, aos 7 minutos, num lançamento de André Luís, Robinho apostou corrida com Antônio Carlos, que no desespero, ajeitou a bola para o santista marcar 1 a 0. Se o craque estava rodeado por competentes companheiros, do outro, Roger, era uma estrela solitária. Tentou, tentou e…Sszinho, não conseguiu carregar o time nas costas, como fez por muitas vezes.

E lá vem Robinho de novo. Desta vez o marcador é Leonardo Moura. Coitado, nem viu o atacante passar, tamanha a velocidade e habilidade. No cruzamento, aos 19, Laerte chutou para as próprias redes. E a bola nem veio com efeito. Ainda havia tempo na etapa inicial para lance ao melhor estilo Pelé. Laerte falhou ao tentar cortar lançamento, Fernando Henrique saiu desesperado e levou chapéu de Robinho. Gol de placa? Quase, pois furou na hora da finalização.

A arbitragem estava perfeita. Até o gol mal anulado de Alessandro, de cabeça. Não estava impedido. “Buscamos o título, temos de jogar bem e contamos com qualidade para isso”, disse um humilde Robinho no intervalo.

Qualidade vista com mais clareza num belo segundo tempo. Um passeio. Zé Elias, que ganhou chance com contusão de Bóvio, parecia mais um meia-armador. Logo aos 2 minutos, serviu Deivid: 3 a 0. “Filhinha, papai te ama”, foi a comemoração do autor do gol. Aos 10, parecia replay. Zé Elias para Deivid, que desta vez acertou a zaga. No rebote, Robinho, de voleio, ampliou.

O Fluminense que vinha de goleada por 7 a 1 no Juventude, estava atordoado, tamanho o bombardeio santista. Os gritos de olé ecoavam no estádio. Mauro, mero espectador, era chamado de “o melhor goleiro do País.”

Alexandre Gama reforça a marcação. Não queria sofrer mais gols. Sofreu. Aos 36, Basílio cruzou para Deivid, que dominou e com muita calma fechou o marcador: 5 a 0.

Esta semana o Santos continua sua excursão. Vinha de jogos na capital e no Rio. Ganhou em São José do Rio Preto e agora viaja até Quito, onde quarta-feira encara a LDU pela Copa Sul-Americana. No domingo, o destino é Santa Catarina. O rival, o Criciúma, novamente pelo Brasileiro.

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