Florianópolis – Enquanto ainda mantém severa vigilância para impedir a contaminação por febre aftosa de seu rebanho bovino de 3,5 milhões de cabeças, Santa Catarina confirmou seis casos de morte por raiva bovina transmitida por morcegos nos últimos 30 dias, em Corupá (210 km ao norte de Florianópolis). De acordo com o secretário de Agricultura do município, Júlio Dominoni, não há risco de uma epidemia, já que são casos isolados e está sendo providenciada a vacinação e orientação aos produtores.
"Vamos procurar os locais onde possa haver colônias para reduzir a população de morcegos", disse hoje (6) Fernando Wendhausen Rothbarth, gerente regional de Joinville da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina. Os animais contaminados eram de quatro propriedades nas localidades de Isabel Alto e Pedra de Amolar Alto. Para prevenir novos casos, todos os bovinos com mais de quatro meses de idade serão imunizados, mas não ficarão totalmente livres da ameaça, já que a vacina passa a ter feito completo 21 dias após sua aplicação.
O primeiro surto de raiva bovina no Brasil foi registrado em 1911, pelo Instituto Pasteur, em São Paulo, após analisar material enviado de Santa Catarina. Os primeiros sintomas do animal contaminado é o isolamento e a aparência triste. Depois, sofre de engasgos, hipersalivação, tremores musculares e paralisia dos membros posteriores antes de morrer, o que ocorre entre três a cinco dias.
O transmissor é o morcego da espécie Desmodus Rotundus, a mais comum das três que se alimentam de sangue e a única que ataca mamíferos. Com seu dentes incisivos e caninos muito afiados, abre uma pequena ferida sobre um vaso sangüíneo e suga o sangue com a língua. Caso esteja com o vírus, o período de incubação varia entre 25 a 90 dias, dependendo da sensibilidade do animal.
Para manter a febre aftosa longe de seu território, o governo de Santa Catarina renovou o contrato com o Exército, que vai manter uma tropa de 105 soldados trabalhando por mais duas semanas nas barreiras sanitárias na fronteira com o Paraná, nos municípios de Dionísio Cerqueira, Palma Sola, Campo Erê, São Lourenço do Oeste, Galvão, São Domingos e Abelardo Luz. O trabalho dos militares por 30 dias vai custar ao governo catarinense R$ 310 mil.
Santa Catarina montou uma estrutura de mais de 500 homens na divisa com o Paraná. Para o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivor Canton, a presença do Exército inibe quem planejava transportar animais clandestinamente. Ele acredita que o status sanitário de Santa Catarina, único estado brasileiro livre de aftosa sem vacinação, será suficiente para manter os mercados compradores.