O empresário Darci Vedoin, um dos donos da Planam, principal empresa da máfia das ambulâncias, revelou aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas que em dezembro de 2005 ?muitos? parlamentares já sabiam que a Polícia Federal estava investigando o esquema e o procuraram, preocupados. O escândalo só veio à tona no dia 6 de maio, quando a polícia começou a prender os envolvidos e desbaratou a quadrilha.
Em depoimento secreto à CPI dos Sanguessugas, prestado em Cuiabá em julho, a cujas notas taquigráficas o Estado teve acesso, Vedoin revela também que tentou manobrar judicialmente para evitar que a Polícia Federal e o Ministério Público investigassem o caso.
Vedoin explicou aos parlamentares que foi informado da ação da PF por Roberto Cavalcante, seu ex-advogado. Segundo o empresário uma reportagem publicada por um jornal em dezembro denunciava fraudes nas emendas do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) e citava o envolvimento da Planam, sua empresa. Após ser alertado, Vedoin contratou os serviços do próprio Cavalcante para que ele tentasse obter um habeas-corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O objetivo era tirar as investigações das mãos da Polícia Federal e do Ministério Público de Mato Grosso, remetendo-as para o STF, já que as denúncias envolviam um deputado. Pela lei, parlamentares têm privilégio de foro e só podem ser investigados pelo Supremo. Vedoin também apresentou petições na tentativa de ter acesso ao inquérito em Mato Grosso.
Questionado pela deputada Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) sobre quais parlamentares o procuraram para se dizerem preocupados com as investigações da Polícia Federal, o dono da Planam preferiu não citar nomes, prometendo fazê-lo depois. ?Depois que eu ?tiver? em liberdade, eu vou levar para a senhora todos os documentos e nomes. Mas depois que eu estiver em liberdade. Ou a senhora vem aqui em Cuiabá, nós sentamos, passamos dois ou três dias, e eu vou lhe mostrar?, disse o sócio da Planam.
Durante o depoimento, o empresário chegou a confirmar que conhecia muitos dos parlamentares envolvidos, mas não quis dar detalhes, argumentando que seu filho Luiz Antônio Vedoin era a melhor pessoa para relatar com provas o envolvimento de deputados, senadores e prefeitos no esquema.
