O depoimento à Polícia Federal do empresário Luiz Antônio Vedoin um dos donos da Planam, esclarece a participação da chamada máfia das sanguessugas em licitações. Uma vez acertado com os parlamentares ligados ao esquema que a máfia teria determinada emenda garantida, a Planam elaborava a proposta para a compra de equipamentos, de forma a ser beneficiada após a publicação dos editais. Para garantir sua vitória nas concorrências, o grupo pagava compensações (R$ 2 mil a R$ 4 mil, conforme o depoimento) a concorrentes, ou se comprometia a entrar em licitações futuras apenas para "dar cobertura" aos ganhadores – ou seja, apresentar uma proposta perdedora, só para fazer número.
Para apressar a liberação dos recursos, o esquema contava com colaboradores no Executivo, como a ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino. No governo Lula, lançou mão de petistas bem entrosados, como José Airton Cirillo, candidato a deputado pelo Ceará e integrante do Diretório Nacional do partido.
Do superfaturamento, saía o dinheiro para a distribuição de propinas a parlamentares, assessores, prefeitos e, em alguns poucos casos, a integrantes das comissões de licitação. Os pagamentos eram em dinheiro vivo, depósito na conta de assessores, parentes ou terceiros indicados pelos parlamentares, em geral em parcelas: 2% ou 3% na realização da emenda; 2% ou 3% no empenho e o restante quando a verba saía para o município. A forma de entregar o dinheiro variava. O deputado Almir Moura (PFL-RJ) escolhia receber as comissões sempre no restaurante Cuca’s, em Duque de Caxias.
Organizado, Vedoin arquivava os comprovantes e anotações das propinas em pastas identificadas pelo número do gabinete do parlamentar em Brasília. Segundo autoridade que acompanha as investigações, são arquivos fulminantes para pelo menos 50 dos acusados.