O empresário Ronildo Medeiros afirmou ontem à Justiça que depositou dinheiro de propina da máfia das sanguessugas em contas de Abel Pereira, empreiteiro de obras públicas e amigo do ex-ministro da Saúde Barjas Negri (governo FHC). Medeiros declarou ao juiz Jefferson Scheinneder, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, que repassava a Abel o equivalente a 6,5% do valor de cada uma das ambulâncias vendidas a cerca de 500 prefeituras entre 2001 e 2002.
Naquele período, Barjas exerceu primeiramente o cargo de secretário-executivo do Ministério da Saúde. Na seqüência, assumiu o posto de ministro, no lugar de José Serra, atual governador eleito de São Paulo, que na época saiu para disputar a Presidência da República.
Medeiros é proprietário de duas empresas, a Frontal e a Medical Equipamentos Hospitalares. Investigação da Procuradoria da República e da PF revela que essas empresas teriam sido constituídas para forjar resultados de licitações.
Desses processos de concorrência também participava a Planam, empresa central no esquema das ambulâncias superfaturadas que desfalcou o Tesouro em R$ 110 milhões.
Abel Pereira será ouvido pela Polícia Federal segunda-feira no inquérito que investiga o dossiê Vedoin, pelo qual petistas iriam pagar R$ 1,75 milhão, em dólares e reais.