Os grampos da Polícia Federal e o depoimento do empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos principais empresários da máfia das ambulâncias, produzem uma estatística avassaladora: dos 90 parlamentares investigados pela CPI dos Sanguessugas, 75 – ou seja, 83,3% – receberam dinheiro na própria conta, na conta de familiares e parentes, na conta de terceiros indicados, em espécie ou na forma de bens e presentes do esquema.
Desse grupo de 75, 21 parlamentares preferiram receber o pagamento em dinheiro vivo, entregue pelos empresários e funcionários da Planam nos gabinetes, em restaurantes ou na rua. Outros 46 aceitaram que a propina fosse paga via transferência ou depósito bancário e 8 ganharam carros, terrenos e presentes do esquema em forma de pagamento.
Só contra 15 dos 90 parlamentares investigados – 16,7% – as indicações de envolvimento são mais frágeis. Eles não foram mencionados por Darci Vedoin, dono da Planam e pai de Luiz Antônio, em seu depoimento, embora apareçam em outros documentos ou nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, ou foram apenas citados pelo dono da Planam, mas sem qualquer relato de recebimento de propina.
Os 46 que receberam a propina na forma de depósito pode ser dividido da seguinte forma: 15 receberam o dinheiro na própria conta bancária ou na conta de parentes, em 25 casos o depósito foi realizado na conta de assessores e em 6 casos foi realizado na conta de terceiros indicados pelos próprios parlamentares, conforme o depoimento de Luiz Antônio Vedoin.
A estatística produzida a partir da documentação se aproxima muito das estimativas iniciais feitas pelo vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que, com base no depoimento de Luiz Antônio Vedoin, calculou que em 80% dos casos os parlamentares haviam recebido dinheiro em troca da inscrição de emendas ao Orçamento-Geral da União em favor de empresas do esquema dos sanguessugas.