Sanguessuga: parlamentares receberam R$ 1,5 milhão

Documentos apreendidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Sanguessuga indicam que integrantes do esquema teriam pago pelo menos R$ 1,5 milhão em propina a parlamentares e ex-parlamentares entre 2000 e 2002. Os registros dos repasses estão no livro-caixa da Planam, empresa acusada de se beneficiar do esquema, fornecendo ambulâncias superfaturadas às prefeituras, que as compravam com recursos de emendas parlamentares ao Orçamento da União.

O livro-caixa eletrônico registra a data e a forma dos repasses, classificados de "pagamentos a terceiros", especificando se foi em cheque ou dinheiro. Na maioria dos casos, os repasses eram feitos por meio de assessores dos parlamentares, também identificados, ou de empresários ou funcionários.

Entre os que se reelegeram, o campeão de supostos repasses, segundo o livro-caixa, é o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO): tem R$ 437 mil registrados, com pagamentos concentrados em 26 repasses, de janeiro a maio de 2002. Em segundo lugar nas planilhas, com R$ 355 mil, está o ex-deputado Laire Rosado (PMDB-RN), cuja mulher é a deputada Sandra Rosado (PSB-RN). Pedro Henry (PP-MT) aparece como beneficiário de R$ 145 mil. E há registro de pelo menos dois pagamentos, no total de R$ 70 mil para o deputado João Caldas (PL-AL).

Os documentos atribuem R$ 46 mil à deputada Teté Bezerra (PMDB-MT). Seu marido, o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), que presidiu a Comissão de Orçamento do Congresso e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no governo Lula, aparece nas planilhas com um registro de R$ 10 mil.

As planilhas citam outros parlamentares e quase uma dezena de ex-parlamentares e suplentes, cujos nomes estão associados a repasses menores. Há registro de repasses de pelo menos R$ 140 mil para um funcionário da deputada licenciada Elaine Costa (PTB-RJ), Marco Antônio Lopes, que foi preso pela PF.

Junto ao nome de Marco Antônio consta a observação "parlamentares" ou "diversos parlamentares", o que aponta para a suspeita de que ele atuava como uma espécie de distribuidor de propinas na Câmara. Por causa dos valores expressivos, suspeita-se de que Capixaba e Laire Rosado desempenhavam o mesmo papel. Toda a documentação relativa ao suposto envolvimento de parlamentares foi remetido pela Justiça de Mato Grosso ao Congresso.

Acusados negam participação – Os parlamentares que aparecem na lista da Planam e foram localizados ontem negaram envolvimento com a empresa

João Caldas disse que "o que apresentam como livro-caixa é apenas especulação". "Até o momento, ninguém foi notificado a respeito desse assunto", insistiu. Cabo Júlio divulgou nota em seu site afirmando que agiu de acordo com as leis de orçamento em relação ao envio de verbas aos municípios.

Teté Bezerra disse em nota que jamais propôs emendas para compra de ambulâncias, o que estaria comprovado em relatório da Comissão de Orçamento. Ela disse que pode acionar quem a envolveu no caso.

Pastor Amarildo negou, por meio de sua assessoria, ter recebido quantias da Planam e disse que cabe às prefeituras beneficiadas com verbas do orçamento explicar sua destinação. Laire Rosado prometeu abrir seu sigilo para provar que não tem envolvimento no caso.

Pedro Henry, Iris Simões e Nilton Capixaba não quiseram se pronunciar. Os demais não foram localizados ontem.

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