Sanguessuga movimentou R$ 12,8 milhões em propina

A Operação Sanguessuga, deflagrada pela Polícia Federal no dia 4 de maio, revelou um esquema de desvio de recursos do Orçamento da União sem precedentes, numa fraude que girou em torno de R$ 110 milhões. Cerca de R$ 12,8 milhões teriam sido destinados para os parlamentares ou prefeitos da chamada máfia das ambulâncias.

O esquema – identificado em 2003 pela Controladoria-Geral da União (CGU) e investigado pela PF, com interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça – tinha como central de fraudes a Planam. Da empresa saíam projetos para compra de ambulâncias superfaturadas.

Por meio da apresentação de emendas, os parlamentares conseguiam liberar dinheiro para a compra dos veículos. Os valores eram fracionados para dispensar licitação. As comissões dos parlamentares eram, na média, de 10%. A propina era paga em dinheiro, com presentes ou por depósitos em conta corrente própria, de parentes ou de assessores. A máfia chegou a dar até um veículo BMW.

O esquema tinha seu braço no Ministério da Saúde, para facilitar a liberação do dinheiro, além de acesso a senhas exclusivas de 62 parlamentares. Outras empresas, tentáculos da organização criminosa, ocultavam a origem do dinheiro.

Dos 47 presos no início da operação, todos foram libertados, apesar do avanço nas investigações – principalmente após a abertura da CPI dos Sanguessugas, em 14 de junho. Os donos da Planam, Darci Vedoin e Luiz Antônio Vedoin – pai e filho -, optaram pela delação premiada, contando o que sabiam em troca de redução de pena.

Números

Com isso, subiu para 57 o número de parlamentares investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) e para 90 os notificados pela CPI. Foi revelado que as ramificações da máfia atingiam ao menos 493 prefeituras.

Os depoimentos atingiram o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, que, segundo os Vedoin, foi procurado para liberar R$ 8 milhões, E o ex-presidente do PT no Ceará José Airton Cirilo. As denúncias se estendem à gestão de Saraiva Felipe na Saúde e aos Ministérios das Comunicações, e de Ciência e Tecnologia. Os depoimentos também resvalaram no governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que teria discutido com a máfia licitação de R$ 10 milhões.

Relatório

A CPI dos Sanguessugas apresenta hoje o relatório parcial que definirá o destino dos parlamentares acusados de envolvimento com o esquema. Dos 90 deputados e senadores investigados, 71 deverão ter seus nomes enviados para os Conselhos de Ética das duas Casas para abertura de processo por quebra de decoro, que poderá levar à cassação de mandato. Dezenove parlamentares, entre eles o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB-MG), deverão ser inocentados.

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