Sangria desatada

O Congresso reconhece as limitações congênitas de sua capacidade de atuação mais rápida, como seria de esperar, em processos de investigação, julgamento e punição de componentes acusados de falcatruas. Foi o que todo o País constatou no caso do mensalão e, atualmente, com a máfia das ambulâncias superfaturadas.

O empresário Luiz Vedoin, filho do dono da Planam, Darci Vedoin, prestou depoimento à Justiça Federal de Mato Grosso, onde a empresa está sediada e intermediou o assalto aos cofres da União, mediante desvio de verbas públicas destinadas à compra de ambulâncias para prefeituras, e esclareceu que cerca de 80 parlamentares na ativa e dez sem mandato estão envolvidos com a máfia dos sanguessugas. O comentário foi feito em Brasília pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), membro da CPMI que investiga o golpe, ressalvando que, à luz das informações do depoente, não se pode afirmar que todos os integrantes da lista sejam culpados ou inocentes.

Por esse motivo, o relator da CPMI, senador Amir Lando (PMDB-RO), assinalou que o tempo de duração da comissão, 60 dias improrrogáveis, é insuficiente para esgotar o manancial de dados que aumenta todos os dias. O STF enviou à CPMI uma relação de 12 processos, da lista inicial dos 57 que correm sob segredo de Justiça, com a manutenção dos nomes dos implicados em absoluto sigilo.

Até o momento foram revelados apenas os nomes dos senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT). Gabeira e outros membros da comissão afirmam, no entanto, que a maioria dos sanguessugas investigados pertence ao chamado baixo clero e à bancada evangélica.

No último caso, confirmados os indícios de malversação de verbas federais mediante a introdução de emendas no Orçamento da União, os parlamentares culpados contraem, ademais, o dever de declinar a que ramificações evangélicas estão filiados e se obter vantagens pessoais na compra de ambulâncias públicas é recomendado aos crentes em algum capítulo das respectivas confissões religiosas.

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