Brasília (AE) – A balança comercial do agronegócio deve fechar o ano com saldo de US$ 37 bilhões, resultado de importações de US$ 5 bilhões e exportações de US$ 42 bilhões, afirmou hoje (21) o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo. No acumulado de janeiro a outubro, o saldo bateu novo recorde, atingindo US$ 32,02 bilhões, com alta de 10,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
As exportações, nos 10 primeiros meses do ano, chegaram a US$ 36,2 bilhões, 9,6% acima dos US$ 33 bilhões de igual período de 2004. Beraldo disse, no entanto, que uma análise mais detalhada desse resultado mostra que o novo recorde, na verdade, reflete a crise da atividade rural. Isso porque a taxa de crescimento das exportações, neste ano, está bem menor do que no ano passado. Em 2004, observou, as exportações acumuladas pelo setor de no período de janeiro a outubro mostravam crescimento de 29,5% em relação a 2003.
"As vendas do agronegócio ao mercado internacional cresceram em 2005, mas sem o vigor registrado em anos anteriores. Isso mostra a perda de dinamismo no ritmo de exportações do setor", avaliou. Segundo Beraldo, a perda de fôlego no crescimento das exportações do agronegócio está diretamente vinculada ao mau desempenho do complexo soja (grão, farelo e óleo), em razão da queda de 15,13% nos preços médios de exportação.
Ele avaliou que os preços internacionais do complexo soja continuarão em queda em 2006. A colheita mundial de 221 milhões de toneladas na safra 2005/06, ante 213 milhões de toneladas no período anterior, deverá manter as cotações em baixa. Para Beraldo, as exportações do complexo soja, principal item da pauta agrícola, devem render entre US$ 8,8 bilhões e US$ 10 bilhões, recorde obtido em 2004. Para 2006, a previsão é de que as exportações do segmento rendam US$ 9,5 bilhões.