Uma saia justa desnecessária e desconfortável foi bisonhamente enfiada no governo pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do partido no Senado da República. A ex-militante sindicalista e uma das organizadoras da CUT em Santa Catarina, estado que hoje representa na câmara alta, afirmou com todas as letras que a indicação de Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia, reclamada com insistência como cota do PMDB, não foi recebida com agrado pela ministra Dilma Rousseff e tampouco pelo presidente Lula.
O mal-estar no partido aliado se agravou quando Ideli encareceu que a preferência de Lula era devolver o cargo ao ministro exonerado, Silas Rondeau, sobre quem os indícios de ligação com as tramóias denunciadas pela Operação Navalha, a princípio, parecem inconsistentes.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, primeira escolhida por Lula para o MME, fiadora da nomeação de Rondeau e do interino Nelson Hubner, seu ex-chefe de gabinete, segundo Ideli, preferia alguém com perfil mais técnico para conduzir a política energética em momento delicado como o atual.
Segundo se sabe, o convite oficial ao senador, um dos homens de ouro do ex-presidente José Sarney, será feito hoje pelo presidente Lula. Não se conhece na medida exata, entretanto, a profundidade da ranhura aberta pela indiscrição da senadora.
O líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), tratou de remendar a saia justa da colega, afirmando que a indicação foi bem recebida pelo presidente da República. Jucá garantiu ainda que como político experiente Lobão escolherá os auxiliares técnicos mais competentes para fazer excelente trabalho no ministério. Ah, bom.