A safra de grãos 2002/2003 do Paraná será 30% maior que a anterior, de acordo com o último levantamento mensal do Departamento de Economia Rural (Deral). Os últimos dados de campo apontam produção recorde de 28,7 milhões de toneladas (t) – contra 22,067 milhões na safra 2001/2002. A safra de verão, cuja colheita está praticamente encerrada, totalizou 25,4 milhões de t, um crescimento de 26,2% sobre a última safra (20,1 milhões de t). Para a safra de inverno, o Deral estima produção de 3,292 milhões de t, 68,7% mais que o volume do ano passado (1,951 milhão de t).
“O clima ajudou, o agricultor aumentou a área e investiu em tecnologia, como tem feito nos últimos anos, porque sabe da necessidade de ter boa produtividade para ser competitivo”, analisa a engenheira agrônoma Vera Zardo, do Deral. Ela lembra que na safra 2001/2002 os problemas climáticos (geada e estiagem) provocaram quebras significativas na safrinha de milho e nas culturas de inverno.
A área plantada no Paraná foi de 8.694.621 hectares, um incremento de 9,1% sobre a área da última safra. A safra de verão apresentou expansão de 9,8%, totalizando 7.203.426 hectares, enquanto a previsão para a safra de inverno é ampliar a área em 5,9%, chegando a 1.491.195 hectares. Segundo Vera Zardo, a confirmação da produção estimada da safra de inverno depende da não-ocorrência de geadas tardias e chuvas na época da colheita. “No ano passado, a geada de setembro resultou em perda de 40% nos cereais de inverno.”
Milho e soja
Os dois carros-chefes da safra paranaense de grãos registraram crescimento: milho (37%) e soja (16,4%) A maior expansão ocorre no milho safrinha (141%): a produção foi reavaliada de 4,6 milhões para 5,1 milhões de t, estabelecendo novo recorde. No ano passado, foram colhidos 2,1 milhões de t na safrinha. “A área aumentou 35% e houve recuperação de produtividade, já que no ano passado a estiagem de janeiro a março causou quebra de 40%”, cita a engenheira agrônoma do Deral. A produtividade média da safrinha de milho foi a melhor da série histórica no Estado: 3.800 quilos por hectare. Destaque para as regiões de Cascavel, com rendimento médio de 5.000 kg/ha e Toledo, com média de 4.400 kg/ha.
Apesar da redução de 3% na área, a primeira safra de milho foi 8,6% superior à do ano passado: 8,2 milhões de t. “A produtividade foi recorde no Paraná, de 5.600 quilos por hectare”, destaca Vera Zardo. Com o clima favorável na primeira e segunda safras, o Paraná deve colher uma safra recorde de 13,3 milhões de t de milho – contra 9,7 milhões de t na última. O melhor desempenho ocorreu em 2000/2001: 12,6 milhões de t.
Com 3,6 milhões de hectares de área plantada, 9,9% mais que na safra anterior, a soja bateu o terceiro recorde consecutivo de produção: 10,9 milhões de t, ante 9,3 milhões de t na safra passada. A produtividade da soja foi a segunda maior da série: 3 mil quilos por hectare, próximo do recorde de 3.070 quilos por hectare.
Cereais
Na safra de inverno, há perspectiva de alta na produção de todas as culturas, em função da recuperação de produtividade. Para o trigo, que já tem 1% da área colhida, a previsão é produzir 2,8 milhões de t, o que significaria um incremento de 70,7% sobre a safra 2001/2002 (1,58 milhões de t). “Se confirmado esse número, será a maior produção de trigo dos últimos 13 anos”, ressalta Vera Zardo. No ano passado, a cultura teve quebra de 40% em função da geada.
Mais soja e menos milho
A queda do câmbio, o excesso de oferta e a baixa liquidez desestimulam os produtores paranaenses de milho. De acordo com o primeiro levantamento de intenção de plantio 2003/2004 divulgado pelo Deral, a primeira safra terá redução de 8% na área e 12% na produção, estimada em 7,2 milhões de toneladas. “O produtor já tem optado pela soja pela liquidez que ela proporciona, por ser um produto de exportação e pela facilidade de vender no mercado à vista ou futuro em qualquer momento, mesmo com o dólar em baixa”, relaciona a engenheira agrônoma Vera Zardo.
Cotada em torno de R$ 12, a saca de milho já acumula queda de 36,5% desde o início da safra. Neste ano, o Brasil produzirá 46 milhões de toneladas de milho, contra 42 milhões no ano passado. Com a preferência dos produtores pela soja, o País dependerá novamente da safrinha para complementar o abastecimento. “É possível que, pela primeira vez, a safrinha seja maior que a safra normal, podendo causar desabastecimento, já que é uma cultura de risco”, alerta a engenheira agrônoma.