Rio (AE) – A safra brasileira 2004/2005 não deverá ultrapassar 112,7 milhões de toneladas, volume 5% menor que o do ano passado, confirmou hoje (22) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume colhido é quase 20 milhões de toneladas menor que a projeção do início do ano, que chegava a 130 milhões de toneladas, marca inviabilizada pelos problemas climáticos no Sul do País.
Os dados divulgados hoje correspondem à décima estimativa para a safra. O IBGE já divulgou anteriormente o primeiro prognóstico para a safra 2005/2006, que segundo o instituto deverá atingir 126,6 milhões de toneladas, mas o órgão divulga previsões revisadas para a safra atual até o final deste ano.
"Se tivéssemos alcançado em 2005 a safra prevista de 130 milhões de toneladas, teríamos muitos problemas de logística", disse Biramar Nunes, técnico do Ministério da Agricultura. Em congresso sobre o agronegócio realizado na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ele afirmou em palestra que o Brasil poderá produzir 260 milhões de toneladas de grãos "em 10 ou 20 anos".
Nunes alertou, entretanto, que para efetivar esse potencial nos próximos anos será preciso abrir mercado para os produtos brasileiros e elevar investimentos em infra-estrutura e logística. Ele explicou que o Brasil tem possibilidade de aumentar em 106 milhões de hectares a área a ser cultivada com grãos, sem prejuízo ambiental. Hoje são cultivados cerca de 47 milhões de hectares. Para ele, todo esse potencial ressalta a necessidade de investimentos.
Na safra 2005, segundo o IBGE, os produtos que apresentaram variação positiva na estimativa de produção em relação a 2004 foram feijão em grão 2.ª safra (7,09%); feijão em grão 3.ª safra (15,20%); mamona (38,42%) e soja em grão (3,12%).
A variação foi negativa para as culturas de: algodão herbáceo (-3,86%); arroz em casca (-0,12%); feijão em grão 1.ª safra (-3,03%); milho em grão 1.ª safra (-12,95%); milho em grão 2.ª safra (-28,43%); sorgo em grão (-27,34%); e trigo em grão (-12,75%).
Os únicos produtos que ainda estão em fase de colheita são o feijão em grão 3.ª safra e o trigo. O primeiro tem sido beneficiado pelos bons preços, enquanto a produção tritícola está sofrendo perda de produtividade por causa do excesso de chuvas nas regiões produtoras.