A safra agrícola de 2004/2005 deverá assegurar o cumprimento da meta de inflação com relativa folga no próximo ano, segundo avaliação do economista e sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud.
A meta original de inflação para o próximo ano é de 4,5% com 2,5 pontos porcentuais para cima ou para baixo, ainda que o Banco Central tenha sinalizado na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro que está disposto a tolerar como centro uma inflação até 5,1%.
O objetivo, de acordo com a autoridade monetária, é acomodar um terço de uma inércia calculada em 0,90 ponto porcentual.
De acordo com Daoud, a safra agrícola 2004/2005 promete ser uma das maiores, resultando em uma colheita de 130 milhões de toneladas de grãos. Além do aumento em volume, os preços agrícolas na Bolsa de Chicago já caíram em torno de 20% nos últimos meses.
“Para o consumidor, é uma boa notícia, mas para o produtor isso vai representar uma margem de lucro menor e, em alguns casos, até prejuízos”, afirma Daoud, acrescentando ainda que a este cenário se soma o aumento do custo dos insumos. Em algumas regiões, segundo o economista, os custos subiram até 40%.
“A nossa logística, em função da infra-estrutura deficitária, tem prejuízos de até R$ 2 bilhões”, afirma o economista da Global Financial Advisor. Isto, de acordo com ele, mostra que a agricultura, que ajudou o resultado positivo da economia nos últimos anos, poderá “cair no buraco” se o governo não se prontificar a tomar as medidas necessárias.
O pior deste cenário todo, na opinião de Daoud, é que, se por um lado a meta de inflação de 2005 poderá ser alcançada com facilidade, em 2006 a situação poderá se inverter, uma vez que as perdas com a safra 2004/2005 deverão desestimular os produtores a investir na mesma intensidade na safra seguinte.
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