Sadia quer comprar Perdigão por R$ 3,7 bilhões

A Sadia quer comprar 100% das ações da Perdigão por R$ 3,7 bilhões e tornar-se um grande competidor mundial na produção de carnes e suínos industrializados. O objetivo é enfrentar gigantes do setor, como a americana Tyson Foods, que fatura US$ 26 bilhões e ameaça chegar ao Brasil

Hoje a empresa faz uma oferta pública de mercado para adquirir no mínimo 50% mais uma das ações da Perdigão. É a primeira vez no mercado brasileiro que uma companhia faz uma oferta pública por outra. A Sadia está disposta a pagar R$ 27,88 por ação, o que representa um prêmio de 35% sobre a média dos preços dos papéis da Perdigão nos últimos 30 dias, conforme a regra acertada com a entrada da empresa no Novo Mercado Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A maior parte dos recursos (R$ 2 7 bilhões) virá de um empréstimo do banco ABN Amro. A Sadia tem mais R$ 1 bilhão em caixa para usar na proposta

O prazo máximo para que os acionistas da Perdigão dêem sinal verde à transação é 24 de outubro. Se o negócio se confirmar, nascerá uma gigante do setor de aves e suínos, com receitas líquidas de R$ 12 bilhões, 26 fábricas, 81 mil funcionários e 16 mil produtores integrados. Metade do faturamento da nova companhia virá das exportações. Atualmente, tanto Sadia como Perdigão exportam para cerca de cem países

"Fomos surpreendidos com a oferta", diz o diretor de Relações Institucionais da Perdigão, Ricardo Menezes. Segundo ele, quando no começo de março deste ano, a companhia aderiu às regras do Novo Mercado, os acionistas tinham consciência de que correriam esse risco. Isto é, que poderia surgir uma oferta pública para a compra das ações. Seis fundos de pensão, com destaque para a Previ, controlam 57% do capital da empresa. O restante está distribuído entre Weg (8%), Bradesco (6%) e demais acionistas. "Agora nós vamos aguardar a decisão dos acionistas, se preferem ou não vender uma empresa que está crescendo em média 14% ao ano nos últimos dez anos", afirma Menezes

Em 2005, a Perdigão teve um lucro líquido de US$ 118 milhões. No primeiro trimestre deste ano, o resultado alcançou R$ 10,4 milhões. A Sadia teve lucro líquido de R$ 67 milhões no mesmo período. No ano passado, o lucro líquido da empresa foi de US$ 205 milhões

"Sabemos que a nossa oferta é muito ousada. Há tempos que queremos fazer uma empresa desse porte no Brasil", diz o diretor de Relações com Investidores da Sadia, Luiz Murat. Ele diz que a oferta é ousada se comparada ao próprio valor de mercado da Sadia. Hoje, a Sadia vale o equivalente a R$ 3,9 bilhões na Bovespa, quase o mesmo volume de recursos que está sendo oferecido pela Perdigão

Para evitar constrangimentos, ontem o presidente do Conselho de Administração da Sadia, Walter Fontana, foi pessoalmente informar ao presidente da Perdigão, Nildemar Secches, sobre a oferta. "Não queremos que esta seja considerada uma oferta hostil", diz Fontana

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