O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein foi considerado culpado por crimes contra a humanidade e condenado à morte por enforcamento. Também foi condenado à morte o ex-presidente do Tribunal Revolucionário Iraquiano, Awad Hamed al-Bandar. A pena está sendo imposta pelo massacre de 148 homens e meninos xiitas da aldeia de Dujail, em 1982.

continua após a publicidade

O julgamento de Saddam e outros réus, neste caso, teve início em 19 de outubro de 2005. O julgamento foi realizado pelo Tribunal Especial Iraquiano. Este é apenas o primeiro de uma série de processos abertos contra o ex-ditador. Não está claro se Saddam será executado antes ou depois da conclusão dos demais processos movidos contra seu regime, derrubado pela invasão americana de 2003.

Durante a fase de depoimentos, Saddam reconheceu ter aprovado a sentença de execução ao grupo de xiitas em 1982, mas justificou a ordem dizendo que eles haviam conspirado para assassiná-lo.

Ele admitiu ter escrito "sim" à margem de um documento que recomendava a execução de dez jovens. Numa sessão anterior, Saddam afirmou ter ordenado o julgamento que resultou na morte dos 148 xiitas.

continua após a publicidade

Além das execuções, centenas de pessoas denunciaram torturas e expropriação de terras em conseqüência da repressão que se seguiu ao atentado contra o comboio de veículos de Saddam em Dujail. Quando o promotor Mousawi lhe perguntou como pôde ter levado apenas dois dias para examinar as provas, antes de assinar a ordem de execução, Saddam respondeu: "Esse é o direito do chefe de Estado. Fui convencido de que as evidências eram suficientes."

Anfal

continua após a publicidade

Um segundo processo foi aberto contra Saddam pela morte de quase 100 mil iraquianos de etnia curda, na chamada Operação Anfal, levada a cabo em 1988. Neste caso, Saddam é acusado formalmente de genocídio e limpeza étnica (a tentativa de exterminar toda a população curda). Entidades curdas mencionam 180 mil mortos, mas esse número é contestado por pesquisadores.

Um primo de Saddam, Ali Hassan al-Majid, conhecido como Ali Químico, também é acusado de genocídio. Outros cinco assessores do ex-presidente serão julgados no caso Anfal por crimes contra a humanidade.

O ex-ditador ainda deve ser indiciado pelo massacre dos árabes dos pântanos do sul do Iaque, a invasão do Kuwait, a repressão a um levante xiita e de inimigos políticos, entre outros crimes. O juiz Juhi explicou que um outro massacre de curdos, ocorrido na mesma época na cidade de Halabja, será objeto de um processo separado. Cerca de 5 mil pessoas morreram num ataque com um gás venenoso.

O ex-todo poderoso do país foi preso no Iraque, por tropas americanas, no dia 13 de dezembro de 2003, depois de uma perseguição de 9 meses.