Os advogados do presidente iraquiano deposto Saddam Hussein retiraram-se da Corte hoje em protesto e contra a mudança do juiz que preside o tribunal e à expulsão do ex-ditador do recinto. O júri passou a ser presidido pelo árabe xiita Mohammed Oreibi al-Khalifa, em substituição ao magistrado Abdullah al-Amiri, removido depois de ter sido acusado pela promotoria de ser "brando demais" com Saddam.
Entretanto, quando a audiência começou com Khalifa no comando, os advogados de defesa questionaram a imparcialidade do tribunal. "Não acreditamos que essa Corte estabelecida pela autoridade de ocupação seja justa. Portanto, decidimos nos retirar desse julgamento", anunciou o advogado de defesa Wadoud Fawzi ao ler diante do tribunal um comunicado em nome de sua equipe. "A decisão de remover o juiz em obediência a uma ordem do governo mostra que esse julgamento está longe de ser justo", acrescentou Fawzi.
Khalifa respondeu. Segundo ele, a substituição foi uma "questão administrativa". Em meio aos insistentes protestos dos advogados o juiz anunciou que a Corte indicaria novos advogados. Então foi a vez de Saddam protestar. Ele disse que queria manter seus advogados e protestou contra a orientação do magistrado. "É nosso direito pessoal", esbravejou Saddam, apontando o dedo para o juiz e batendo com o punho no escaninho.
Khalifa pediu a Saddam que parasse de falar. Em meio à insistência do ex-ditador em protestar, o juiz determinou que ele fosse retirado do tribunal.
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