Volta e meia o governo, ou mesmo entidades independentes, divulgam números que revelam sucessos na nossa economia, no governo Lula. Há um surpreendente desenvolvimento industrial, crescimento do Produto Interno Bruto e dias atrás revelou-se que foi batido recorde em superávit primário. Esse superávit é a diferença entre receitas e despesas, excluído o serviço da dívida, os juros. Os acordos com o FMI sempre estabeleceram metas de superávit, para que haja dinheiro para pagar ou no mínimo rolar a dívida externa. É dinheiro que se economiza para pagar os banqueiros ou instituições financeiras internacionais.

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No governo FHC, os superávites eram duramente criticados pela oposição, que exigia que esse dinheiro fosse destinado ao desenvolvimento econômico nacional e ao social. Chegou-se a pregar a realização de um plebiscito para chancelar uma pretendida moratória e não poucos oposicionistas, inclusive e em especial o PT, pregavam até o calote puro e simples da dívida. Para surpresa geral, o governo Lula manteve a mesma política de obtenção de superávites primários. Os números desse aperto passaram a ser superiores aos da administração anterior e maiores até do que o exigido pelo FMI.

Tudo indica que a política econômica neoliberal do atual governo estriba-se no objetivo, que mais parece um sonho, de que um dia, com este sacrifício da sociedade brasileira, a dívida do País se torne menor e administrável. E passemos a ser um país com independência econômica, caminhando pelas próprias pernas.

Essa política não seria indesejável, não fossem suas duras conseqüências para o povo. Para chegar a tão elevados superávites está sendo necessário sacrificar não só projetos desenvolvimentistas, mas também investimentos na área social. Pode-se dizer que o Brasil vai bem e o seu povo vai mal, em razão dessa política de ?mão de vaca? a fim de pagar os credores externos.

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Aliados históricos de Lula e do PT, que faziam coro contra os elevados superávites primários e exigiam se não a moratória ou o calote, pelo menos a reserva do suficiente para consistentes programas sociais, já dirigem contra o atual governo intenso fogo amigo.

A Comissão Pastoral da Terra, uma dessas aliadas históricas, na palavra de seu presidente, dom Tomás Balduíno, entende que o governo fracassou na execução das políticas sociais. ?É preocupante – disse ele – o governo ser elogiado pelo FMI e ser questionado pelas bases. Se de um lado é sucesso, do outro é fracasso mesmo.?

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