O ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, falou ontem à CPMI dos Correios. Hoje é a vez do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que melhor teria feito se continuasse ensinando a meninada no interior de Goiás. Na incômoda condição de investigados, barbas inteiramente ensopadas, a saída de ambos foi apelar ao Supremo Tribunal Federal em busca de habeas corpus preventivo.
Protegidos pelo instituto, assiste-lhes a faculdade de não abordar questões que os comprometam ainda mais, assim como não poderão receber ordem de prisão por parte da comissão investida do poder de polícia. O expediente foi também usado por Marcos Valério no primeiro depoimento, tão cheio de inverdades, que o senador Delcídio Amaral vai convocá-lo para a segunda rodada.
Se tal for a dose de contemporização merecida por Sílvio e Delúbio, e tal solidariedade encurta a cada momento, o amparo jurídico possível denota a admissão da culpa. A interveniência de meros burocratas na distribuição de cargos na estrutura do governo ou a contratação de empréstimos milionários – fala-se em R$ 40 milhões – além de extemporânea e incabível, põe a nu o decepcionante desvio ético que retalhou o PT.
Pelo jeito, fatos gravíssimos ainda virão à tona. O sentimento generalizado é de perda e retrocesso ante a voracidade dos deslumbrados que não conheciam o sabor do melado.