Rússia e UE cancelam encontro com técnicos brasileiros

Rússia e União Européia cancelaram reuniões com técnicos brasileiros para discutir o embargo imposto à carne do Brasil por causa dos focos de febre aftosa de Mato Grosso do Sul e do Paraná. A informação é do secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel, que justificou o cancelamento como "problema de agenda". "Eles não tinham disponibilidade", disse Maciel, referindo-se aos russos. Uma missão brasileira partiria hoje para Moscou para num primeiro momento, pedir explicações sobre o embargo imposto pela Rússia para compra da carne e produtos de oito Estados brasileiros.

Questionado se o cancelamento era uma resposta à indefinição do quadro no Paraná, onde ainda se discute se há ou não aftosa, o secretário disse que não via o adiamento desta forma. Esta não é, no entanto, a interpretação do presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini. "O recado da Rússia foi claro: se entendam no Brasil e depois venham negociar", disse o presidente da associação.

Para Valentini, a divergência entre o governo federal e o Paraná sobre os focos de aftosa "colocou o País numa situação muito grave". Segundo ele, o adiamento da reunião foi melhor para o País, pois "qualquer missão seria muito questionada e poderia prejudicar a situação do Brasil no mercado externo", disse ele, que participou de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Maciel minimizou a polêmica. Para ele, a questão é "emocional". "Como o foco é no Paraná, é normal que os técnicos locais se posicionem de forma mais emocional do que técnica", afirmou. "Estamos tranqüilos. Nossa posição foi técnica", afirmou o secretário. No entanto, o coordenador-geral de Combate a Doenças do Ministério da Agricultura, Jamil Gomes de Souza, admitiu que o governo federal foi informado "tardiamente" sobre o foco de febre aftosa no rebanho do Paraná.

Desde o dia 10 de outubro, o governo paranaense investigava a suspeita de foco no Estado, contou o coordenador. No dia 18, foram confirmadas as "lesões" nos animais. Só no dia 21 de outubro o ministério foi notificado da suspeita. O foco foi confirmado na segunda-feira da semana passada, dia 5, em fazenda localizada no município de São Sebastião da Amoreira. "A secretaria deveria ter nos comunicado. Nem o ministério nem a superintendência foram informados sobre a coleta de material para sorologia e das visitas para verificar as lesões", afirmou ele. As superintendências de agricultura representam o ministério nos Estados. "Não há dúvida do foco no Paraná", disse.

Na audiência, o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Maringá, Amauri Alfieri, estimou que 20% do rebanho do Paraná não está vacinado contra a febre aftosa. "Não estamos com a doença no quintal, estamos com ela na cozinha", afirmou ele, que é doutor em Urologia Animal da Universidade Estadual de Londrina. "O rebanho que não foi vacinado está susceptível", disse.

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