A Rússia criticou nesta sexta-feira (09) o relatório anual sobre direitos humanos divulgado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos dizendo que a avaliação americana sobre os russos é distorcida, afrontadora e direcionada segundo os interesses políticos americanos. Uma declaração veiculada pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia acusa Washington de estereotipar problemas e sugere que os Estados Unidos tentam ensinar ao mundo um valor moral que não praticam, pois são acusados de violar os direitos humanos de cidadãos de diversas nações.

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"O relatório é dissimulado, politizado e, de diversas formas, afrontador", opinou a Rússia em nota oficial. Segundo a chancelaria, as observações americanas sobre a situação dos direitos humanos em solo russo contêm "percepções distorcidas da situação, informações desatualizadas, intencionalmente vagas, e citações fornecidas por fontes tendenciosas". A declaração não menciona nenhuma parte específica do relatório americano, divulgado na terça-feira pelo Departamento de Estado dos EUA.

O relatório americano diz que a proteção aos direitos humanos na Rússia deteriorou-se ao longo do último ano, acusa o presidente Vladimir Putin de ter centralizado o poder e o governo russo de reprimir a livre expressão e matar e abusar de civis na Chechênia e em seus arredores. A Rússia critica anualmente o relatório e acusa os EUA de interferirem em assuntos internos de outros países e de estruturarem o documento apenas com base nos interesses políticos americanos.

China

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Ontem, em resposta ao relatório anual do Departamento de Estado dos EUA sobre direitos humanos, a China divulgou seu próprio relatório sobre o tema, concentrado nos abusos atribuídos aos americanos. No documento intitulado "Situação do Respeito aos Direitos Humanos pelos Estados Unidos em 2006", Pequim acusa Washington de esmagar a soberania iraquiana e de usar sua "guerra ao terrorismo" como pretexto para praticar tortura e violar os direitos humanos.

"Como em anos anteriores, o Departamento de Estado aponta o dedo para as condições dos direitos humanos em mais de 190 países e regiões, inclusive na China, mas não menciona nenhuma situação de desrespeito aos direitos humanos envolvendo os Estados Unidos", denuncia o documento. "Nosso relatório é um espelho dado de presente aos Estados Unidos para que os americanos possam ver como eles mesmos tratam a questão dos direitos humanos", declarou Qin Gang, porta-voz da chancelaria chinesa, durante entrevista coletiva concedida ontem em Pequim.

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Ele disse que não faria comentários sobre quais seriam os motivos pelos quais os EUA "acham que têm o direito de usar pesos e medidas diferentes e de fazer acusações irresponsáveis contra outros países". Este é o oitavo ano no qual a China responde ao relatório do Departamento de Estado dos EUA com um documento sobre a situação dos direitos humanos nos EUA. O texto foi elaborado pelo Conselho de Estado e distribuído pela agência de notícias Nova China. Qin comentou ainda que o governo chinês gostaria de presentear dirigentes americanos com livros com as idéias de Confúcio para "ajudar a governar bem um país e a tornar-se uma boa pessoa".