A governadora eleita do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus (PSB), creditou a vitória ao desempenho de seu marido, o candidato derrotado do partido à Presidência, Anthony Garotinho, no governo do Estado. Hoje de manhã, ao lado de Garotinho, ela cumprimentou eleitores na estação de trens da Central do Brasil e disse que vai procurar a atual governadora, Benedita da Silva (PT), para conversar sobre a transição de governo.
Eleito em 1998, Garotinho deixou o cargo em abril deste ano para disputar a Presidência. Benedita, vice-governadora, assumiu, disputou a reeleição e foi derrotada por Rosinha no primeiro turno.
“A população do Rio queria a continuidade do governo Garotinho e foi isso que eu preguei a campanha inteira. Claro que continuidade com avanço”, disse Rosinha. Ela contou que passou a noite rezando com amigos e parentes por sua eleição. Por volta das 7h30, com Garotinho e os filhos Wladimir e Clarissa, ela foi numa van, até a Central, onde há grande concentração de pessoas de baixa renda, maioria do eleitorado de Rosinha. No local, cumprimentou eleitores e distribuiu rosas. “Já agradeci a Deus, agora quero agradecer à população. Fizemos uma campanha limpa.”
Ela reafirmou que Garotinho “terá o cargo que quiser” no governo, mas disse que ele “é um estadista e deve querer outra coisa”. “Não me lembro de o Rio ter feito sucessor para o governo do Estado. Garotinho fez.” O secretariado só deverá ser decidido na semana que vem. Rosinha viaja com a família depois da reunião de quarta-feira com a executiva do PSB. “Pretendo descansar alguns dias e começar a trabalhar na escolha dos nomes que vão compor o meu governo na próxima semana. Preciso conversar com todos os partidos que me apoiaram para receber as suas sugestões.”
Ela anunciou que pretende instalar o governo de transição na sede da Federação das Indústrias do Rio, como fez seu marido, 1998. “A partir da semana que vem, uma equipe vai acompanhar mais de perto as finanças do Estado. Vamos procurar o governo. Espero que Benedita pelo menos pague o 13.º salário e deixe o primeiro salário do ano que vem. Se for isso, já vai ser de bom tamanho. Gostaria que a transição fosse toda feita por escrito, porque evitaria o disse-me-disse que aconteceu quando ela entrou.”
Transição
Benedita da Silva lamentou, em entrevista coletiva no Palácio Laranjeiras, “que o povo do Estado do Rio queira dar continuidade a um projeto que não trouxe desenvolvimento”, referindo-se à eleição de Rosinha e ao governo Garotinho.
“Não deu. Faltaram os votos. Agora tem o segundo turno do Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência) e já estou me articulando para coordenar a campanha dele no Rio”, declarou a governadora, que disse ter tido pouco tempo de campanha, em razão dos compromissos de governo.
“Estávamos criando um novo pacto social no Estado mas a população do Rio optou pelo outro. Que Deus abençoe a Rosinha e dê tudo certo, pois quando não dá, quem sofre é a população.” Benedita disse que o governo de transição será montado a partir do dia 6 de dezembro. Segundo ela, diferentemente do que ocorreu quando recebeu o cargo do ex-governador Garotinho, em abril, sua equipe estará pronta para atuar no processo de transição.
“Eram dois projetos: um, Lula e Benedita; outro, Garotinho e Rosinha. A população do Estado optou pelo segundo deles. Penso que o Rio perdeu uma oportunidade de desenvolver um projeto diferente, de desenvolvimento e inclusão social. Mas o resultado está aí. Não quero contestar. Vamos agora tocar a nossa vida. Aceito tranqüilamente essas coisas. A vida me ensinou muito mais a administrar adversidades do que facilidades. Não faço parte da sociedade da mediocridade.”
Benedita afirmou que o novo governo vai encontrar o Estado “do jeito que eles (Rosinha e Garotinho) deixaram, mas melhorado”. “Não estou criando constrangimento financeiro. Não vou deixar nenhuma casca de banana. Estou cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei de Responsabilidade Social. Mas as dificuldades financeiras do Estado continuam.” Para Benedita, o PT é o “grande vitorioso da eleição”.
Segundo ela, a eventual aliança Lula-Garotinho é “problema da coordenação nacional” do partido. “Os entendimentos devem ser de forma programática e partidária, e não pessoal.”