Depois de participar de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, disse hoje que, se a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) quiser filiar-se ao PMDB, "será recebida com um tapete vermelho".
A entrada de Roseana no ministério está quase certa, mas Lula ainda não definiu a pasta que ela ocupará e mantém segredo sobre a mudança na equipe.
No jogo de xadrez em que se transformou a reforma ministerial, Roseana é cotada para várias cadeiras, entre elas, a de Comunicações. Nessa hipótese, Oliveira assumiria um ministério com um orçamento mais robusto, como reivindica o PMDB. "Isso tudo é especulação", esquivou-se. "Não recebi nenhuma indicação de que mudarei de ministério e continuo trabalhando, normalmente." O presidente chamará os dirigentes do partido para uma nova conversa na próxima semana. De qualquer forma, a senadora do PFL do Maranhão avisou ao presidente nacional da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), que se desligará da sigla, assim que receber o convite de Lula. Até agora, só houve sondagens.
É possível que Roseana vá para o PMDB, mas não imediatamente. A provável entrada da senadora do PFL no governo, no entanto, não faz parte da cota do PMDB, que gostaria de aumentar a fatia na administração federal, de duas para três pastas.
Trata-se de um agradecimento do Poder Executivo ao pai dela, o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP). Em outras palavras: Roseana entraria no quinhão de Sarney.
"Sarney ajudou-nos muito nesses dois anos, foi um aliado estratégico e o nome de Roseana só agrega", insistiu o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que também conversou hoje com o presidente. "Ela pode ter um papel fundamental na construção da maioria do Senado para o governo: vem do Nordeste, é mulher e expressa um campo político importante." Na prática, a idéia de levar Roseana para a equipe de Lula é de Mercadante. Foi ele que articulou o "acordo Roseana" para que o presidente do Congresso apoiasse o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), antigo desafeto dele, que deseja ser o futuro presidente da Casa. A eleição na Câmara e no Senado será em 14 de fevereiro.
Sobre o entendimento, José Sarney desconversou. "Seria constrangedor para mim tratar desse assunto. Roseana caminha com seus próprios pés e tem personalidade", disse. Depois, concordou em falar sobre a possível filiação ao PMDB. "Não vou negar que seria agradabilíssimo para mim tê-la no PMDB. De qualquer forma, onde ela estiver, eu estou feliz."