O roqueiro britânico Roger Waters, um dos fundadores da lendária banda de rock progressivo Pink Floyd, tocou hoje para dezenas de milhares de fãs israelenses depois de lançar um desafio a Israel: a derrubada do emaranhado de cercas, muros e trincheiras que vem sendo construindo para que israelenses e palestinos sejam fisicamente separados.
Waters, de 62 anos, disse esperar que, assim como o Muro de Berlim, a barreira israelense também caia. "Vai ser bem mais difícil derrubar esse muro, mas isso terá de acontecer uma hora. Caso contrário, não fará sentido ser um humano nessas condições. Acredito que precisamos que esta geração de israelenses derrube os muros e faça a paz com seus vizinhos", afirmou.
O show ao ar livre ocorreu na periferia de Neveh Shalom, na região central de Israel. Artistas locais agitaram o público antes de Waters subir ao palco. Nas horas que antecederam o show os carros formavam quilômetros e mais quilômetros de fila, num dos maiores congestionamentos da história de Israel.
Waters recusou-se a tocar em Tel-Aviv, onde outros artistas costumam se apresentar, sob a alegação de discordar das políticas israelenses com relação aos palestinos. Ontem, depois de desembarcar em Israel, Waters visitou, em Belém, um trecho da barreira de segurança que o governo israelense vem construindo na Cisjordânia para separar-se dos palestinos.
Ele pichou no muro a frase "No thought control" (Sem controle de pensamento), uma frase da lendária música "The Wall", de um dos mais famosos discos do Pink Floyd. "Isso me enche de horror", disse ele a jornalistas. "Você até consegue ver isso em fotografias, mas presenciar a construção e testemunhar os efeitos dele sobre essas comunidades… É difícil acreditar que isso esteja sendo feito", prosseguiu.
Em 1990, Roger Waters tocou músicas do álbum "The Wall" em um local por onde passava o Muro de Berlim para celebrar a reunificação da Alemanha.
Israel alega que o emaranhado de cercas, muros e trincheiras é necessário para impedir incursões de militantes radicais palestinos em seu território. Entretanto, a barreira de segurança invade em diversos pontos a Cisjordânia e deixa aldeias palestinas no "lado israelense" da barreira.
Os palestinos denunciam a barreira como uma tentativa israelense de tomar territórios nos quais a Autoridade Nacional Palestina (ANP) pretende fundar um Estado independente, soberano e viável. De acordo com Israel, metade dos 760 quilômetros do projeto já está concluída.