A demonstração de força teve a exata dimensão de deixar claro para todas as tendências representadas no âmbito do Partido dos Trabalhadores que a ala Unidade na Luta pretende sinalizar qual é a trilha a ser percorrida daqui em diante. São figuras de proa da Unidade na Luta, no Paraná, o senador Flávio Arns, o deputado federal Paulo Bernardo, o diretor de Itaipu, Jorge Samek, e os deputados estaduais Natálio Stica, ex-líder do governo estadual, Tadeu Veneri, líder do PT na Assembléia, e André Vargas, presidente estadual da legenda, além do prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, e outros.
O grupo concluiu que o PT vai disputar a próxima eleição para o governo do Paraná, com candidato próprio, devendo a escolha recair sobre um dos integrantes do reforçado trio: Bernardo, Samek ou Flávio Arns. Gleici Hofmann, diretora de administração de Itaipu, foi aclamada como candidata virtual ao Senado.
Além da ratificação do rompimento formal da aliança com o PMDB, o comando petista aproveitou a ocasião para tornar pública, por antecipação, a linha mestra de seu projeto para o Estado. A decisão de disputar o governo com chapa própria, segundo o presidente André Vargas, todavia, depende da confirmação da Unidade na Luta na presidência da executiva estadual, em setembro vindouro.
Há um complicador imediato na intenção da cúpula petista no Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem como definitivo o compromisso de aliança com o PMDB, pela concessão de dois ou três ministérios e muitos cargos no segundo escalão, a fim de ampliar as chances de conquistar o segundo mandato em 2006.
Caso haja a confirmação da coligação nacional, qual será o comportamento do PT em termos da eleição no Paraná? Haverá desobediência ao desejo do presidente, a maior estrela da Unidade na Luta?
A água vai rolar e, enquanto esperam, os estrategistas do Palácio Iguaçu açulam os neurônios em busca de solução para o provável isolamento do PMDB.