Rompimento de oleoduto faz Petrobras reduzir transporte de gás

Rio – A Petrobras reduziu em 5 milhões de metros cúbicos o fluxo diário de gás natural boliviano para o Brasil, o que representa cerca de 20% do total transportado até o início da semana pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). A medida foi tomada após o rompimento de um oleoduto ligando as reservas da estatal brasileira, no sul do país, ao sistema boliviano de transporte de petróleo. A empresa informou que está reduzindo o consumo de gás em instalações próprias, como refinarias e térmicas, para evitar problemas de abastecimento no mercado brasileiro.

O presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, espera que a situação seja normalizada em uma semana, após a construção de um duto paralelo ao trecho danificado. O oleoduto, rompido durante as fortes chuvas que atingiram a região do Chaco boliviano na terça-feira, é usado para transportar o condensado (tipo de óleo extraído junto ao gás) dos campos de San Alberto e San Antônio, de onde vem a maior parte do gás natural importado pelo Brasil.

O Gasoduto Yacuíba-Rio Grande (Gasyrg), que leva o gás dos dois campos para o Gasbol, continua em funcionamento. Mas, sem capacidade para transportar o óleo, a empresa foi obrigada a reduzir a produção de gás, já que não é possível extrair este último sem produzir também o condensado. A estatal vinha importando uma média de 26 milhões de metros cúbicos por dia, volume que foi reduzido a 21 milhões após o acidente.

Na quarta-feira à noite, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, garantiu que não haveria problemas de abastecimento no País. Ele disse que havia alternativas para o transporte do óleo, como caminhões, por exemplo. Mas hoje, Freitas confirmou a diminuição das importações. "Optamos por uma redução preventiva do fluxo, até que a situação esteja resolvida", informou o executivo. Segundo a empresa, os danos foram maiores do que o esperado.

A Petrobras vem encontrando dificuldades para realizar os trabalhos na tubulação danificada, já que a região enfrenta uma série de manifestações populares e está com algumas estradas bloqueadas. As províncias de Gran Chaco e O’Connor, no departamento (Estado) de Tarija, disputam a área do campo de gás de Margarita, um dos maiores do país.

Além disso, a população da região, com forte presença da etnia Guarani, luta pela criação do departamento do Chaco, que seria o décimo departamento boliviano. Por trás da disputa, estão os royalties de importantes campos de gás natural, que representam dois terços das reservas bolivianas, hoje distribuídos entre os departamentos de Tarija, Santa Cruz e Chuquisaca.

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