Romário presta depoimento e nega amizade com traficante no Rio

Rio de Janeiro (AE) – O atacante Romário, do Vasco, confirmou hoje (18), durante depoimento à polícia, que esteve na Favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite de 18 de maio, e chegou a jogar futebol com o traficante Erismar Rodrigues Pereira, o Bem-te-vi. O atacante do Vasco negou ser amigo do criminoso e explicou que foi à favela para um evento beneficente e levou outros jogadores, cujos nomes recusou-se a revelar.

A polícia soube da presença de Romário na favela em escuta telefônica feita no celular do taxista Gustavo Lima da Silva, preso por transportar armas para o tráfico. Em conversa com um traficante da Vila dos Pinheiros, na zona norte, Silva disse que viu Romário numa festa na Rocinha. Do evento, participaram "loiras" e "amigos pesadões" (armados, na gíria do tráfico). Foram servidas bebidas como energéticos, e vodka com suco.

"A intenção de ouvi-lo era configurar uma intimidade, um conhecimento anterior, saber se foi o Bem-te-vi quem convidou o Romário. Mas não foi isso o que ocorreu. Ele disse que foi apresentado ao traficante na hora. Ele costuma fazer essas apresentações em comunidades e não configura conduta atípica", disse o delegado Jader Amaral.

O depoimento de Romário será anexado ao inquérito que investiga o tráfico na Vila dos Pinheiros. "Como referencial que é para a juventude, ele deveria evitar contato com criminosos", afirmou Amaral.

Romário negou que tenha visto homens armados ou com drogas durante sua visita ao morro. Contou que foi recebido por pessoas que vestiam camisetas com a inscrição "bem-vindo Romário" e que sua presença na favela reuniu cerca de duas mil pessoas. Ele foi apresentado a Bem-te-vi, que jogou por 10 minutos no time do atacante do Vasco. No segundo tempo, o criminoso jogou no time adversário. "Ele contou que deu muitos autógrafos, entrevistas para as rádios locais, comeu frutas e saiu da favela por volta de 1h45", de acordo com o delegado Amaral.

No depoimento, que durou 45 minutos, Romário lembrou que nasceu na Favela do Jacarezinho, onde viveu até os três anos. "Ele disse que veio da comunidade e que sempre volta às favelas. Depois da Rocinha, jogou na Vila dos Pinheiros e no fim do mês joga no Conjunto Amarelinho, em Acari", disse Amaral.

Romário foi à Rocinha no dia em que o taxista Gustavo Lima da Silva entregou a Bem-te-vi três fuzis 762. O traficante teria pago R$ 40 mil pelo armamento, que pertencia à polícia. As armas foram oferecidas ao traficante Tadeu Nascimento da Silva, o Bola, da Vila dos Pinheiros, que não pôde comprá-las e as repassou a Bem-te-vi. Bola e o traficante Edmilson Ferreira dos Santos, o Sassá, são os alvos da investigação de Jáder Amaral. Além do taxista, há outros três presos.

Na próxima segunda-feira (22), a polícia vai ouvir o depoimento do advogado Marcelo Santoro de Carvalho, ex-cunhado de Romário. Ele foi flagrado em telefonemas para Bem-te-vi e é apontado pela polícia como um dos principais elos entre o traficante e jogadores.

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