Romário é intimado por suposto envolvimento com traficantes no Rio

Rio de Janeiro (AE) – Os jogadores de futebol Romário, do Vasco, e Jorginho, da Seleção Brasileira de Futebol de Areia, foram intimados hoje (16) pela polícia do Rio de Janeiro para prestar depoimento sobre seu possível relacionamento com Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-te-vi, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, e um dos bandidos mais procurados do Rio.

Romário foi convocado porque um homem ligado ao tráfico comentou, numa conversa interceptada pela Polícia Civil, autorizada pela Justiça, que viu o jogador de madrugada na Rocinha, numa festa realizada no dia 19 de maio. Jorginho foi chamado porque esteve com Bem-te-vi em comemorações na comunidade e também teve um diálogo gravado. Nela, o bandido fala com um homem não identificado por meio de um rádio-transmissor e depois passa o aparelho para Jorginho, que chama o interlocutor à favela: "Tô aqui, vem pra cá". Romário e Jorginho irão depor na condição de testemunhas.

Hoje (16), Jorginho convocou a imprensa para dizer que, apesar de ter sido apresentando a Bem-te-vi na Rocinha, não tem qualquer tipo de envolvimento com drogas ou armas. "Como é que eu vou tratar (Bem-te-vi) mal? Eu tenho que tratar todo mundo bem. Quando alguém vem falar comigo, não tenho obrigação de saber quem é", disse.

O jogador relatou que freqüenta a Rocinha, na zona sul do Rio, há sete anos, assim como outras comunidades, onde moram amigos seus, e planeja instalar no morro um projeto de futebol de areia para crianças. Sobre o contato com o traficante, confirmou que "falou várias vezes com ele", da mesma forma que falou com muitas outras pessoas na Rocinha. Ele contou que, numa festa depois de uma "pelada" – segundo ele, preparada por moradores -, o traficante lhe deu um rádio para falar com alguém. Jorginho afirmou que não se lembra de quem se tratava. "Se foi um equívoco meu, eu peço desculpas", disse.

O jogador recebeu a intimação enquanto dava entrevista. Os policiais entraram no restaurante em que ele conversava com jornalistas e deram o documento para ele assinar, diante de fotógrafos e cinegrafistas. Ele será ouvido no dia 22.

Romário foi convocado no centro de treinamento do Vasco na Barra da Tijuca e também deverá prestar depoimento no dia 22. Ele não quis dar entrevista hoje (16) depois do treino. Ontem (15), ele já havia informado que esteve com Bem-te-vi uma única vez, quando foi à Rocinha participar de um jogo para arrecadar alimentos para os moradores. Seu nome foi mencionado pelo taxista Gustavo Lima da Silva, que transporta armas para traficantes da Vila dos Pinheiros, na zona norte.

O taxista esteve na favela de São Conrado para entregar três fuzis a Bem-te-vi – a Rocinha e a Vila dos Pinheiros são dominadas por bandidos da mesma facção – e lá teria visto o atacante do Vasco. Romário estaria com "loiras e parceiros", segundo Silva, durante conversa com um criminoso da Vila dos Pinheiros, grampeada pela polícia.

Além de Romário e Jorginho, a polícia também pretende ouvir Júlio César, goleiro da Seleção Brasileira e do Inter de Milão. A voz dele aparece nas gravações. Júlio César pediu que Bem-te-vi tomasse providências sobre supostos assaltos a automóveis ocorridos em frente à Rocinha.

Os investigadores querem saber quem é o jogador "R-9", que teria um encontro marcado com Bem-te-vi na Rocinha, conforme revelaram as escutas telefônicas. Ele teria doado para as crianças do morro produtos da Nike, como tênis e camisas – ele é garoto-propaganda da Nike. A suspeita é que seja o atacante do Real Madrid Ronaldo, que, através da assessoria de imprensa, negou qualquer relação com o traficante.

Secretário – O secretário de Segurança Pública do Rio, Marcelo Itagiba, criticou a proximidade entre traficantes e jogadores de futebol, classificados por ele de "ídolos de barro". Ele afirmou: "É preciso que todos se conscientizem das graves conseqüências geradas pelas drogas, que, aliás, foi sintetizada na imagem, publicada nos jornais de hoje (16), do Maradona com o Pelé, dois ídolos do futebol que se tornaram vítimas das drogas, já que o argentino se tornou escravo da cocaína e o Pelé, hoje, sofre por ter um filho envolvido com o tráfico de drogas", numa referência ao filho de Pelé, Edinho.

Para Itagiba, "quem quer combater o tráfico tem que se unir às forças policiais, para eliminar o mal causado por esses criminosos que não têm respeito algum pela vida humana, atirando com armas poderosas, como essa, contra civis inocentes e contra o braço armado do Estado, que são as polícias".

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