Roma locuta

Com data marcada para deixar o posto de embaixador do Brasil na Itália, 1.º de setembro, o ex-presidente Itamar Franco declarou aos jornalistas que Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, e Romero Jucá, ministro da Previdência Social, são ?quistos? no governo Lula. Espera-se, agora, a manifestação de desagrado que certamente virá do Planalto.

Itamar disse que foi motivado a fazer os comentários com base na autoridade de ex-presidente da República, senador e governador de Minas Gerais, impressionado também pela perplexidade generalizada quanto ao afrouxamento da ação governamental em situações que afundam o desgaste junto à opinião pública.

Lembrou a dura experiência enquanto presidente, vendo-se constrangido a afastar dois amigos leais – Henrique Hargreaves e Eliseu Resende – para serem investigados por suspeita de conduta ilícita. Na época, o partido que mais o pressionou nesse sentido foi o PT do presidente Lula. Hargreaves retornou ao cargo, pois nada se provou contra ele.

Por tudo o que está acontecendo no Brasil, Lula jamais deveria permitir a operação abafa contra a CPMI dos Correios, pondera Itamar Franco. Com essa atitude alimenta-se o surgimento de dúvidas inadequadas quanto à disposição do governo de acobertar a corrupção.

O presidente do Banco Central e o ministro da Previdência, os ?quistos?, que Antônio Houaiss dicionariza como acúmulo de substância mole incrustada em órgão ou tecido, não deveriam esperar a ordem do presidente Lula, mas sair imediatamente dos cargos, porque causam formidável embaraço ao governo, segundo o embaixador na Itália.

Itamar reconhece que suas declarações não serão bem recebidas pelo presidente Lula, de quem é amigo e apoiador, mas as justifica no afã de cooperar com o bom andamento da administração federal, atualmente sob uma saraivada de insinuações relativas à conduta reprovável de inúmeros coadjuvantes do escalão superior.

Mais que obrigação ética e moral de Meirelles e Jucá, cobra Itamar, esses homens deveriam ter a liberalidade de deixar o governo, a fim de estancar parte do vazamento que compromete a gestão de quem reavivou a esperança do povo brasileiro.

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