Rodrigues nega conflito com área econômica do governo

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, tratou hoje (20) de afastar rumores de crise com a área econômica do governo e afirmou ter ficado muito contente com a negociação que permitiu a prorrogação dos débitos de custeio dos produtores de arroz, soja, algodão, milho, trigo e sorgo do Centro-Oeste e da Bahia.

Na terça-feira, o ministério anunciou que as parcelas de junho, julho e agosto dos produtores dessas regiões foram prorrogadas para março e abril de 2006, num total de R$ 1,8 bilhão. O alongamento do prazo para pagar as dívidas não vai valer para os agricultores do Sul. Rodrigues explicou que "essa região (Sul) foi a mais atendida até agora pelo governo".

A prorrogação faz parte das reivindicações apresentadas pelos agricultores durante o "tratoraço" realizado no fim de junho, na Esplanada dos Ministérios. As negociações dentro do governo foram tensas e os técnicos chegaram a dar por encerrado o diálogo com o Ministério da Fazenda. Houve ainda boatos que Rodrigues teria pedido demissão, mas ele próprio os desmentiu.

O fato é que a área econômica mostrou alguma flexibilidade aos pleitos da agricultura. Além do prazo mais longo para pagar dívidas de custeio, Rodrigues anunciou hoje que foram removidos os entraves burocráticos que impediam a liberação de R$ 3 bilhões em recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que serão operados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse dinheiro servirá para que os produtores quitem suas dívidas com as empresas fornecedoras de insumos. Desse total, R$ 2 bilhões serão liberados imediatamente e o restante, R$ 1 bilhão, no curto prazo.

O ministro lembrou que uma outra medida para ajudar os produtores está sendo avaliada pelo governo: a prorrogação das parcelas da securitização e do Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa), que vencem este ano.

O ministro lembrou que um grupo de trabalho – formado por representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), da Câmara dos Deputados e dos ministérios da Fazenda e da Agricultura – avalia a possibilidade de renegociação.

Esse grupo de trabalho foi criado na semana passada e terá 30 dias para apresentar uma sugestão ao governo. Rodrigues ressaltou que haverá uma separação entre os produtores que nunca pagaram seus débitos e aqueles que estavam adimplentes até dezembro do ano passado. "Queremos tratar do assunto de forma isonômica, mas ainda não há uma decisão", concluiu.

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