Rodada de pôquer

Uma colherada a mais de vinagre no intragável caldo das relações entre o PT e o PMDB foi adicionada com a renúncia do deputado Natálio Stica à liderança do governo na Assembléia Legislativa. O entendimento entre os dois partidos, fator decisivo para a eleição do governador Roberto Requião no segundo turno, a freqüente lavagem de roupa suja em público mostrava, é coisa do passado.

Nem a manutenção da aliança PT-PMDB na eleição curitibana conseguiu superar as divergências de estilo, supinamente agravadas pela feia derrota do deputado Angelo Vanhoni, por sinal, ocupante anterior da função até agora desempenhada por Stica.

Nas muitas vezes que a fervura ameaçou esparramar a água do caldeirão, na condição de líder do bloco governista, Stica tentou de todas as maneiras agir como pacificador, não raro, correndo o risco de turvar seu conhecido histórico de aguerrido combatente petista nos sindicatos e, mais tarde, na vida parlamentar.

Desta vez, a paciência do líder chegou ao limite e a causa da insatisfação associada a uma negociação clandestina do PMDB com o PFL, para a eleição dos presidentes das comissões permanentes da Assembléia.

Sobretudo, com a eleição do deputado Durval Amaral (PFL) para a presidência da importante Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em sessão da qual participaram apenas os opositores. Segundo a versão de Stica, a manobra traiu não apenas o bloco, mas o próprio governador do Estado.

O governador tentou demover o petista da decisão de deixar a liderança, mas não teve sucesso. A atuação conjunta das bancadas, que já estava difícil, torna-se agora impossível, em vista da quebra de confiança e respeito mútuo.

É necessário aguardar evidência mais concreta para saber se o PT vai mesmo envergar o manto da oposição, ou encolher-se diante desse golpe de mão muito comum nas rodadas de pôquer.

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