Roberto Jefferson volta atuar como advogado criminalista

É um outro Roberto Jefferson, ele próprio admite. O ex-deputado que revirou pelo avesso o mundo da política volta à cena amanhã (11) no papel de advogado criminalista na pequena cidade de Veras, interior do Mato Grosso. Assistente de acusação, ele participa do tribunal de júri de um caso de homicídio ocorrido em novembro de 2001. Está tenso, o recomeço, diz ele, é sempre tenso. Garante que o caso é que importa, mas afirma que pessoalmente se trata do primeiro passo para superar a dor de uma perda. No caso uma vida política de mais de duas décadas encerrada após ter sido cassado no Congresso, quase dois meses atrás.

Jefferson gosta do "cheirinho do processo", que vem daquelas quatro pastas azuis que ele só pôde botar as mãos ontem (9). Na sexta-feira da semana passada, repassaram-lhe o primeiro volume, com as provas policiais. Hoje (10), mergulhou no conteúdo de todas para formular a sua argumentação no tribunal. Munido de três canetas hidrocor, em azul, preto e vermelho, foi preenchendo folhas de sulfite para criar índices do processo, ordenar suas falas, relembrar os testemunhos e elaborar a acusação. "Não é um caso fácil, é um processo catimbado", adiantou, pedindo para não falar sobre política. Precisava se concentrar no processo, disse.

O caso em questão envolve a morte de Keila Suele Alba, de 12 anos. O alvo do tiro era o pai da menina, o então vereador Augusto Alba (PPS), por causa das denúncias que ele fazia à prefeita Izane Coneratti (PSDB). Três pessoas presas admitiram o crime e inicialmente apontaram como mandante o fazendeiro Vilmar Taffarel, irmão da ex-prefeita. Na fase de interrogatórios, eles voltaram atrás e negaram essa versão. Taffarel se diz inocente. Alba, que hoje mora em Santa Catarina, decidiu convidar Jefferson por causa de suas aparições na TV na época das denúncias iniciais do ‘mensalão’.

"Penso que nenhum homem pode fugir de sua responsabilidade. Enfrentei a minha com o Brasil inteiro vendo. Não fugi dela e espero que o Taffarel não fuja da dele", desafiou Jefferson. Para o advogado do fazendeiro, Claudio Alves Pereira, o ex-deputado é um profissional competente, mas "não superior a mim". E lamentou: "Hoje, com a repercussão que se deu não é o caso que está sendo julgado, mas a presença do deputado. É o primeiro júri depois do afastamento dele no Congresso."

É o primeiro, mas outros já estão por vir. Na próxima semana, Jefferson vai participar, também como assistente de acusação, do caso do assassinato do desembargador Irajá Pimentel do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, e da tentativa de homicídio da mulher Heloísa Helena Duarte Pimentel, em março de 2002. Foi Heloísa quem o convidou. Para o seu segundo julgamento ele deve discutir honorários, ao contrário deste primeiro, uma vez que o ex-deputado atuará sem cobrar nada da família Alba. E ele já foi convidado para participar de outros dois casos.

Será o primeiro júri popular de Vera, uma cidade de 11 mil habitantes, no norte do Mato Grosso. A comarca, recém-inaugurada, não será o palco dessa reestréia de Jefferson no mundo do direito. Prevendo um grande assédio da imprensa e de curiosos, o júri foi transferido para a Câmara Municipal. São esperadas caravanas de várias partes do Estado. Um telão vai ser instalado no ginásio de esportes para evitar aglomerações. A previsão é que o julgamento termine na madrugada de sábado (12).

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