Brasília (AE) – O presidente da CPI dos Correios e líder do PT, senador Delcídio Amaral (MS), marcou para a quarta-feira da próxima semana (29) o depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Comissão. Hoje (21) à noite, os integrantes da CPI se preparavam para ouvir o depoimento do ex-chefe do departamento de compras e materiais dos Correios Maurício Marinho. A CPI deveria aprovar ainda, antes da fala do ex-funcionário da estatal, 110 requerimentos com a convocação de autoridades e pessoas ligadas ao escândalo de corrupção nos Correios, além do pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de Marinho.
O comando da CPI decidiu restringir, nesta primeira fase os depoimentos a pessoas diretamente ligadas ao suposto esquema de corrupção nos Correios. Entre os convocados está Mauro Dutra, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dono da empresa NovaData. Também irão depor funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que acompanharam as denúncias de corrupção nos Correios. A CPI não convocará, no entanto, imediatamente o ex-ministro José Dirceu e dirigentes do PT para depor na Comissão.
"Estamos convocando os que estão diretamente envolvidos com as denúncias nos Correios", explicou Delcídio Amaral. Os requerimentos para convocar Dirceu, o presidente do PT, José Genoíno, o secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz só serão analisados pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e votados ao longo do desenrolar das investigações da Comissão.
Foram apresentados 160 requerimentos à CPI e Serraglio deu parecer favorável a 110, que deveriam ser aprovados hoje à noite pelos integrantes da Comissão. Os 50 requerimentos restantes, entre eles o que pedem a convocação de Dirceu e dirigentes do PT, serão votados pelos integrantes da CPI posteriormente. "Esses requerimentos continuam todos na lista e serão analisados em um segunda fase da CPI", disse Serraglio. Pelo cronograma apresentado pelo comando da CPI, 21 pessoas serão chamadas para depor nas próximas duas semanas.
A expectativa é convocar para depor na quinta-feira (23) o dono da empresa Comam Arthur Waschek Neto, que teria pedido a lobistas para gravar a conversa com Maurício Marinho. Na semana que vem, deverão depor ex-diretores dos Correios, como Antonio Osório Batista, ex-chefe de Marinho na estatal, além do deputado Roberto Jefferson.
Os partidos de oposição criticaram o tamanho da lista apresentada hoje pelo comando da CPI com os nomes das 21 pessoas que serão ouvidas na primeira fase das investigações da Comissão. "É muita gente. Não adianta o governo achar que vai ganhar tempo com isso", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM). "Essa lista dá o sentido de procrastinação das investigações. A não ser que queiram encher lingüiça e entediar a platéia e frustar a opinião pública", afirmou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).
