Brasília (AE) – O ex-deputado Roberto Jefferson afirmou hoje (16) que a decisão da CPI dos Correios de não chamar para depor Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reforça as evidências de que há um acordo entre PT e PSDB para evitar cassações e dar um breque nas investigações sobre corrupção. "O PSDB recuou na convocação do irmão do Palocci. O ministro até ameaçou sair. Eles querem acabar o mais rápido possível com o problema. E, em troca, o nome do senador tucano Eduardo Azeredo não aparece no relatório final da CPI e não há investigação sobre os fundos de pensão, que atingiriam não só petistas, mas tucanos também", disse Jefferson.
"Ninguém quer mais que vá adiante", insistiu Jefferson sobre o desejo do PT e do PSDB de interromper a apuração das denúncias. "Vão parar na metade da história. Ano que vem tem eleição e vai ser tudo igual, com caixa 2 igualzinho", disse Jefferson por telefone.
No segundo dia após a perda do mandato, o presidente licenciado do PTB anunciou ainda que vai retirar o pedido de cassação protocolado por seu partido no Conselho de Ética contra seu principal desafeto, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. "Cansei. Chega de ódio. Não quero ser responsável por um processo de cassação igual ao que fui submetido. O nome de Dirceu já está na lista da CPI", disse. Um dia antes, Jefferson já tinha anunciado a retirada do pedido de cassação contra o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO).
O petebista resolveu escolher novo alvo para seus petardos. Desta vez, sobrou para o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Ele vivia de lobby e hoje é o rei da ética", disse, acrescentando que Serraglio cuidava em Brasília dos interesses de prefeitos da região Oeste do Paraná. "Ele era remunerado com dinheiro público", acusou.
Jefferson também voltou a afirmar que só ele acabará cassado. "Com o recurso, vai ficar tudo suspenso até o julgamento do instrumento. Aí, já será época da eleição." O ex-deputado demonstrou arrependimento ao comentar que errou ao não fazer como os demais parlamentares à beira da cassação. "Deveria ter recorrido ao STF (Supremo Tribunal Federal) antes", admitiu. "Não o fiz e fui cassado sumariamente." O petebista espera decisão do Supremo Tribunal Federal para reaver seus direitos políticos de volta. "Não quero o mandato. Se me devolverem, eu renuncio no dia seguinte", prometeu.
Com a agenda lotada com pedidos de entrevista e de palestras, o homem que provocou a maior crise no governo Lula está tocando a vida. E já começa a preparar a mudança. Vai deixar o apartamento funcional na Asa Norte até o final do mês. "Vou começar a embalar minhas coisas. Só falta cortarem a água."