Roberto Carlos está completando dez anos como titular absoluto da lateral esquerda da Seleção Brasileira. Desde um amistoso com Israel, em 17 de maio de 95 (vencido pelo Brasil por 2 a 1), o ex-jogador do Palmeiras é dono da camisa 6 amarela. Na época, Roberto Carlos já era atleta da Internazionale, de Milão, onde atuou por duas temporadas antes de ir para o Real Madrid, time que defende até hoje. Na Seleção, são 118 jogos – 10 mil minutos em campo, recém-completados. Só o lateral-direito Cafu tem números maiores (138 jogos e 10.797 minutos com a camisa canarinho).
Prestes a completar 32 anos, Roberto Carlos pretende atuar por muito mais tempo com a Seleção. "Esses 10 mil minutos que estou atingindo representam uma marca muito bonita. Mas quero atuar pelo menos mais uns cinco mil minutos", diz Roberto que aponta a chave para seu sucesso: "O segredo é sempre se manter motivado em vestir a camisa da Seleção. Tem gente que, com o passar do tempo, perde o interesse. Mas eu, não. Sempre me mantive motivado".
Segundo Roberto, "o mais difícil não é se manter como titular por tanto tempo, mas sim ficar ouvindo que sempre está pintando um novo lateral". Ele sabe bem o que está falando. Só nos últimos dois anos, dez outros jogadores foram testados para a sua posição: Gustavo Nery, Júnior, Maxwell, Kléber, Adriano, Athirson, Gilberto, Sylvinho, Fábio Aurélio e Leandro. Nenhum desses, porém, conseguiu se firmar sequer na reserva.
Roberto se incomoda com essa constante procura por um sucessor para sua posição. Acredita que isso não é preciso, já que ainda tem muita madeira para queimar pela Seleção. "Infelizmente, algumas pessoas não respeitam um campeão do mundo como deveriam". O mais afetado, segundo ele, é Ronaldo. "Eu não sou tão criticado assim, mas acho que pegam muito no pé do Ronaldo. As pessoas têm que ter mais paciência com ele".
Uma década
São dez anos como titular absoluto, mas a história de Roberto Carlos na Seleção começou bem antes. Em 91, quando jogava pelo modesto União São João, de Araras, Roberto já era figurinha carimbada nas seleções de base. Foi titular, por exemplo, na campanha do torneio qualificatório para as Olimpíadas de Barcelona, em 92.
Em 93, já pelo Palmeiras, vieram as primeiras convocações para a seleção principal. Para muitas pessoas, aliás Roberto merecia estar no grupo que disputou a Copa do Mundo de 94, nos Estados Unidos. Mas o técnico da Seleção na época – o mesmo Carlos Alberto Parreira – optou por Branco e Leonardo. Roberto garante não ter ficado magoado.
Após o Mundial, já com Zagallo no comando, outros dois jogadores chegaram a ser testados na Seleção: André Luís, que na época jogava no São Paulo, e Jefferson, do Botafogo. Mas nenhum dos dois se firmou e Roberto Carlos acabou tomando conta da posição, tendo disputado as duas Copas seguintes – em 98, na França, e 2002, no Japão e na Coréia do Sul. Mesmo sendo titular absoluto da Seleção, Roberto Carlos anda sendo contestado por uma parte da torcida do Real Madrid. "Já superei várias crises na carreira, e isso não me incomoda em nada. Sou o jogador estrangeiro com mais tempo de clube e os torcedores acham que eu tenho a obrigação de decidir tudo. Eu e o (Luís) Figo somos muito cobrados. Mas tenho muito tempo de futebol e nada me abala".
Roberto completa: "A fase negativa do Real é momentânea. Estou tranqüilo e pretendo seguir no clube por mais três anos. Depois retorno ao Brasil". Ele só não sabe em qual clube encerrará a carreira: no Palmeiras, onde viveu seus grandes momentos no País, ou no Santos, seu time de coração.