Após interrogar oito pessoas hoje, a Polícia Federal começou a formar uma idéia das responsabilidades pelo incêndio criminoso em três apartamentos ocupados por alunos africanos na Casa do Estudante Universitário (Céu) da Universidade de Brasília (UnB). A hipótese de racismo perdeu força com os depoimentos, enquanto crescem os indícios de rixa antiga entre brasileiros e o grupo estrangeiro, que ocupam o mesmo espaço. Entre os ouvidos, dois são suspeitos de terem participado do atentado. Os dois são pardos e um deles se define como negro.

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Um deles, Wagner Guimarães, 28 anos, aluno de engenharia florestal, que se define negro, negou participação, mas confirmou que tinha rivalidade com os africanos, os quais qualificou de esnobes e bagunceiros. "Eles não são bonzinhos como dizem. Bebiam, fumavam e faziam gestos obscenos quando a gente reclamava". Segundo o estudante, os africanos, que estudam mediante convênio com seus países com seus países de origem, costumavam dar festas barulhentas regadas a muita bebida.

O atentado ocorreu na madrugada da última quarta-feira, quando os alunos estavam dormindo. Os agressores colocaram obstáculos nas portas e esvaziaram os extintores. A seguir, jogaram combustível e atearem fogo nas portas de três apartamentos, onde dormiam dez africanos. A perícia técnica da PF conclui na próxima semana a análise das digitais encontradas nos extintores e na garrafa do combustível, possivelmente álcool.

O porteiro Marismarques Dourado, que estava de plantão na noite da agressão, disse que nada viu. Em pânico, os alunos escaparam pulando as janelas, mas ninguém se feriu. O guineense Gaudêncio Pedro da Costa, último a sair, não deu nomes, mas desconfia que são cinco os autores do atentado, todos alunos brasileiros da UnB e moradores do Céu (alojamento da UnB). "As brigas existiam, mas só tentaram nos matar porque somos africanos, se fôssemos brancos europeus, isso não ocorreria". O chefe da Casa, Edvanildo Martins, confirmou que havia conflitos antigos por conta das festas dos africanos.

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