Risco de guerra

Os Estados Unidos, principalmente seu presidente, George W. Bush, estão tomados de paranóia, desde que ocorreu, no ano passado, o atentado contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington. São muitos os seus inimigos. O principal é o medo. Temor de que se repitam atentados neste 11 de setembro, primeiro aniversário do atentado terrorista.

Esse pânico é reforçado por boatos, notícias talvez fundadas, mas não provadas, de ameaças e o recente atentado contra o presidente do Afeganistão.

Agrava-se o temor quando se multiplicam suspeitas de que Osama Bin Laden está vivo e a Al-Qaeda não está fora de combate. Para efeito externo dúbia, mas na prática amplamente favorável a Israel, a posição norte-americana contra os palestinos, muçulmanos como os autores do atentado de 11 de setembro, faz com que o medo se transforme em verdadeira paranóia.

A sangrenta e estúpida luta entre judeus e palestinos parece sem fim e repetem-se, todos os dias, verdadeiros crimes contra a humanidade naquela parte do Oriente Médio, sob vistas grossas, ou até com a colaboração dos Estados Unidos.

A cada dia criam-se novos terroristas, dispostos a tudo para defender a criação de um Estado palestino. E não poucos muçulmanos, em todo o mundo, já acreditam que isso tudo é o começo de uma guerra santa contra os infiéis, uma resposta, séculos depois, às Cruzadas. No sentido contrário, também equivocado, parece raciocinar o temerário presidente norte-americano quando elege no mundo os países que considera pertencentes ao “eixo do mal”, dentre eles o Iraque. A verdade é que a estúpida guerra contra o Afeganistão, o governo talibã e a Al-Qaeda de Bin Laden foi um fracasso. Um sangrento fracasso, a desafiar a capacidade e o orgulho da mais poderosa nação do mundo. E como foi um desastre, a opinião pública norte-americana está insatisfeita, ainda clamando por providências, nem que sejam guerras que destruam para vingar as mortes do atentado do ano passado.

Têm razão em sua revolta e também em sua frustração. Não a têm, entretanto, quando imaginam que um ataque ao Iraque e ao seu governo possa refrear o terrorismo no mundo. Muito menos o terrorismo contra os Estados Unidos.

A chegada do primeiro aniversário da tragédia do atentado de Nova York faz com que as providências de guerra contra o Iraque se acelerem, criando uma situação de tensão que poderá explodir em conflito a qualquer hora, mesmo que todas as manobras até aqui já desenvolvidas sejam apenas para atemorizar potenciais inimigos.

Não se pode esquecer que Israel está ao alcance das armas iraquianas e que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha já estão bombardeando a zona de exclusão e alvos próximos a Bagdá. Uma resposta terrível, e que desencadearia uma guerra ampla em todo o Oriente Médio, com riscos de se espalhar por outras regiões. Seria um ataque iraquiano a Israel, em resposta aos ataques ou mesmo ameaças dos Estados Unidos ao seu território. Seria o começo da “guerra santa” contra os países do “eixo do mal”. Mas também “guerra santa” para os seguidores do Islã, contra os seus hipotéticos inimigos judeus e cristãos. Não nos esqueçamos que, por detrás de toda essa paranóia, ou como conseqüência, existem efeitos econômicos. E já os estamos sentindo nas bolsas, com riscos de estagnação econômica mundial. O Brasil, mesmo longe da área do conflito, não tem condições de mandar parar esse mundo louco para descer. Será também uma vítima.

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